Após dois anos atuando na fronteira, o condecorado e heroico Sargento Manfred Augustus Holmes - ou somente Sargento Holmes como era conhecido) voltou para uma vida suburbana, onde logo chegou a um calmo e fácil cargo atrás de uma mesa preenchendo formulários e arquivando requisições de outros departamentos e repartições.
Cansado dessa vida fácil, o sargento pediu uma remoção para o campo, onde devido a sua perspicácia e traços naturais detetivescos, logo se tornou o principal nome investigativo da força policial durante a ditadura militar, e constantemente requisitado a casos de difícil solução - se é que alguns deles esta existisse.
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Chegando ao local do crime improvável, uma casa bem afeitada, de estrutura clássica ainda que muito bem conservada, que de longe com suas enormes janelas coloniais de madeira de lei com suas cortinas de cetim que se estendem vigorosamente de cima do teto a quase o chão.
Na sala, um cadáver de um dos empregados, um senhor de idade negro, não mais de sessenta anos com o rosto colado no chão e envolto numa poça de sangue formada pelo ferimento por faca feito em suas costas, perto da coluna cervical pouco abaixo do pescoço. No restante do corpo haviam sinais claros de confronto - inchaços no rosto, cortes nos lábios e punho e alguns rasgos na roupa.
No quarto dos empregados, a esposa dele, uma mulher com aproximados trinta e cinco anos, também negra, também morta após três ferimentos no abdome, com o corpo apoiado em um móvel.
Após uma investigação rápida e diálogo com os patrões - incluindo o filho desempregado de vinte e nove com sinais de embriaguez, inchaço nos olhos e lábios e bandagens nos punhos para cobrir algumas lacerações - o brilhante detetive concluiu: Suicídio duplo.
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