Algumas semanas atrás, o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgou o estarrecedor dado que 65% da população brasileira concordava com o fato que uma mulher ao usar roupas curtas estava pedindo para ser estuprada.
Alguns dias atrás o mesmo instituto divulgou que esses números estavam levemente exagerados... Digamos uns trinta e nove por cento a mais, sendo o correto 26% da população brasileira a concordar com tal afirmação.
É um erro crasso, absurdo e do tipo de erro absurdo até para um primeiranista da FGV ou de alguma faculdade privada mais sem vergonha (talvez aquela que tinha a Ana Hickman como garota propaganda por exemplo).
Claro, claro, teve uma certa manipulação e inclinação da mídia em focar neste único e particular dado de uma enorme pesquisa - e até por isso surgiram campanhas e mais campanhas como os 'eu não mereço ser estuprada' ou 'eu não faço parte dos 35%' e similares. Não que estas campanhas estejam erradas, mal focadas ou mal direcionadas (apesar de serem oportunistas, e infelizmente só existirem pelo breve período que o déficit de atenção coletivo se volta a elas).
Mas a lição que extraímos desta história toda, ao que vejo, é a mesma lição que obtive assistindo ao (horrível) filme de Keanu Reeves, os 47 Ronin: Há uma falha enorme na tradução.
Seja na tradução da literatura e mitologia japonesa para uma produção cinematográfica (como uma alegoria para algo que reflita a condição humana, ou ao menos compreensível à sociedade ocidental), seja na tradução de dados em estatísticas - e dessas estatísticas em resultados e informação.
Quando isso falta, sobra incompetência.
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