Quero começar esse texto deixando bem claro uma coisa: Não sou jornalista.
Nunca fui (apesar de ter feito resenhas pro Universo HQ - o que é mais opinativo que jornalístico, que é um grande traço dos posts do blog), e o mais próximo do jornalismo que chego é através de meu finado pai que foi um importante jornalista num outrora importante jornal de minha cidade natal. Outrora uma vez que era um jornal de verdade, e hoje é uma pálida recordação disso, com muito mais espaço para sensacionalismo barato evocando a racionalização de medos que efetivamente o propósito de informar - e subsidiar a formação de informação à população. Posso citar exemplos muito claro de como o jornalismo se importa de noticiar um acidente automobilístico (com agourentas e abutriciais fotos) mas não rascunha duas linhas para informar de um evento público e gratuito numa universidade que permeie discutir questões ambientais.
De forma clara, a Veja é uma demonstração nítida de como é absurdo o que se chama (ou chamamos) de jornalismo hoje em dia...
Já é difícil pra caramba considerar uma revista semanal que tem de competir com meios de comunicação dinâmicos e muuuuito mais velozes na distribuição de informação (o twiter pode mantê-lo informado em seu celular 24 horas por dia, mesmo que sejam informação igualmente relativas com relação à verdade), mas como escolhem, selecionam e decidem a pauta da revista?
Nas últimas três edições (2359 - José Padilha/Robocop, acima; 2358 - Mc Gui; 2357 - Suco Verde;) a revista se isenta de algumas das maiores matérias, principalmente de maior relevância das últimas semanas - mas você não precisa voltar antes da primeira edição de 2014 para ver as capas editoriais (2354 - Uma Copa, dois países).
A capa dessa semana, inclusive, traz algumas falácias absurdas que demonstram a falta de critério - e informação/acompanhamento - de quem pensa e planeja essas matérias.
Claro que a revista foi feita ANTES do lançamento de Robocop nos cinemas americanos, mas, eles realmente achavam que o remake de José Padilha 'dobraria' Hollywood? Não obstante, não é o primeiro trabalho de grande orçamento de um brasileiro (ei, Carlos Saldanha? Rio de 2011? A Era do Gelo de 2002?), e que tipo de expectativas a Veja lançou sobre o filme, que só foi a terceira maior bilheteria no fim de semana de sua estréia - que obviamente não ajudou muito as pesadas críticas recebidas na semana anterior, como a resenha do Guardian: "José Padilha's remake, like 2012's Total Recall and the planned Starship Troopers reboot, don't just miss the point of Paul Verhoeven's films. They embody the very thing he satirised" --> O remake de José Padilha, assim como "O Vingador do Futuro" de 2012 e o planejado reinício de "Tropas Estelares", não somente perdem a perspectiva dos filmes de Paul Verhoeven: Eles incorporam a exata coisa que ele (Verhoeven) satirizava.
Em retrospecto, o filme foi duramente criticado por aficcionados por cinema como o canal de Youtube Screen Junkies - que fazem os 'honest trailers' - inclusive considerando que um grupo de comediantes da internet fez o 'Our Robocop Remake'. Sob um prisma mais sério, o IGN entre dezembro de 2013 e janeiro de 2014 fez uma pesquisa que colocava 10 dos maiores lançamentos de ficção científica do ano para avaliar o grau de excitação por eles, e Robocop - por estrear em um mês - conseguiu apenas o sexto lugar, com 8,82% de interesse do público.
Não obstante, em Setembro de 2013, o Cracked publicou uma matéria muito bem feita sobre 'Porque remakes (de filmes de ficção científica) estão condenados a serem ruins', e, pra quem não quer gastar alguns minutos lendo a matéria, o resumo é bem simples: Das 50 maiores bilheterias de filmes do gênero, apenas QUATRO são remakes, e eles sequer arranham o Top 20.
A surpresa, analisando apenas esses dois últimos parágrafos, seria que o remake fosse bem (o que não foi).
Então porque ele estampa a capa da Veja?
Ufanismo, também não é (a capa de 01/01 da revista sobre a Copa deixa isso claro, e mesmo a edição 2359 com a matéria 'Copa: O Governo de Brasília escondeu epidemia de dengue').
Então qual o motivo de relativizar uma notícia de mínima importância que, por exemplo, a morte do cinegrafista da Rede Bandeirantes, ou mesmo a escalada de ações de criminosos auto-intitulados justiceiros (notícias que não receberam destaques nas edições anteriores)? Mesmo ignorando essas notícias, a revista tem uma matéria de capa fantástica (o escândalo da Alstom, que você provavelmente não viu na TV)... E essa pauta é menos importante que um remake?
O tom arrogante do 'Homem venceu a máquina' em letras garrafais vermelhas na capa também chama a atenção, até porque não só é uma afirmação ridícula (que máquina? que homem? como e porque venceu a máquina?), como capciosa ao que o subtítulo tenta afirmar/supor.
Talvez seja mera subjetividade excessiva, mas a análise mais aprofundada (das edições anteriores), deixa claro que há o interesse de formar uma linha de raciocínio distorcido e desconexo com a realidade - que não a apresentada pela revista.

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