Depois do discurso de Neil Gaiman no meio da semana, não pude ignorar mais o fato que desde janeiro fazendo os Grandes Clássicos de Quadrinhos e até o momento nenhuma citação a obras do mestre.
(E nem podia ser mais coincidência e oportuna: afinal, agosto é mês do folclore, o universo de histórias, contos e ditos populares - e que tanto agrada e passa pelos trabalhos do britânico).
É verdade que quando se fala de Gaiman o nome que logo vem em mente é o de Sandman, o lorde dos sonhos Morfeu, contemplando o universo, a vida e as escolhas que fazemos no caminho. Ou, como o próprio autor definiu em poucas palavras: De um homem tendo de contemplar-se diante do dilema de adaptar-se aos tempos ou deixar de existir.
Fica pra outro dia, porém (talvez quando a Panini lançar o último volume e eu reler a coisa toda), mas por hoje a história da vez é a pouco apreciada e brilhante parceria entre Neil Gaiman e Dave McKean (um dos artistas gráficos mais brilhantes das últimas três décadas, com trabalhos visuais fascinantes e fantásticos como o site dele demonstra).
Não é a primeira (nem a última) reunião dos dois, só que em minha opinião essa é a melhor.
O trabalho combina tanto na construção do último trabalho de um diretor - planejando sua grande obra-prima, enquanto contempla seus dias finais, ciente de um câncer terminal.
Esse é o plot básico da história - e, digo sem qualquer cerimônia, que ele se encerra sem que este diretor chegue a produzir tal peça (digo ainda que saber disso, sequer vá estragar sua leitura). É a construção dessa última obra fantástica... Acompanhar esse mundo que se molda... Todo o dinamismo da arte de McKean e a fantástica prosa de Gaiman...
O que vale é isso: Essa última peça.
Acompanhar, da maneira mais íntima e pessoal que qualquer espectador pode (a cada momento de idealização do criador da obra).
São essas sutilezas que permeiam toda a obra do autor, e o tom que beira a tragédia grega (sempre entre o limiar com a comédia) explorando a magia e fantasia que se constroem os bons livros e universos literários de Neil Gaiman.
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