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24 de julho de 2025

{Resenhas Coloradas} O Chapolin das Resenhas!


Eu acabei assistindo a uma boa parte dos episódios da série da HBO "Sem Querer Querendo" sobre a história dos bastidores da criação de Chaves, Chapolin e outros tantos personagens de Roberto Bolaños... E enquanto é interessante - e muita coisa foge do que imaginamos sobre essas séries ou seus contextos históricos - eu confesso que não me vi particularmente empolgado, principalmente pelo quanto o material tenta forçar a barra com paralelos de inspiração que mostram Bolaños criando por acidente tudo e mais um pouco, geralmente com a influência direta ou não de alguém em sua família, deixando de lado uma série de elementos que me pareciam mais interessantes (como no livro de mesmo nome em que antes mesmo do nascimento, já existe todo um drama no casamento dos pais de Roberto além de um contexto histórico mais abrangente sobre o cenário do México nesse período).

Dito tudo isso, eu confesso que pela primeira vez em muito tempo eu tive real interesse em assistir ao material de Bolaños e dar uma chance real, afinal, eu sei que essa não é particularmente uma opinião popular mas eu não gosto do Chaves.

 

 

 

Tá, eu consegui escrever essa frase sem ser executado por uma turba de fãs violentos com tochas, então deixe eu elaborar um pouco mais: Não é que eu ache o Chaves particularmente ruim ou mal escrito sob nenhum contexto...

De maneira geral, o material é repetitivo e derivativo (com muitas piadas que são similares ou orquestradas dentro da mesma estrutura sucessivamente), e isso faz sentido pelo contexto histórico, quando não apenas o orçamento era curto mas toda a equipe tinha que produzir mais de um episódio de cada uma dessas séries por semana por um longo período de tempo.

Droga, quando você assiste em alguma sucessão inclusive repara que vários episódios tem o mesmo roteiro mas que foram filmados com atores diferentes ou em momentos diferentes - como quando um ator deixou o seriado ou tentaram trazer alguma outra atriz para ingressar ao elenco.

Com o Chapolin, porém, a coisa parece mais orgânica e funciona de maneira bem diferente. Ainda que alguns vilões se repitam (e nisso os cenários), muitas vezes as soluções e situações seguem rumos distintos. Chapolin tradicionalmente é um idiota bonachão bem intencionado e isso leva a resultados humorísticos bem mais interessantes que o pobre garoto órfão que vive faminto, inclusive porque o gafanhoto vermelho pode aparecer em qualquer lugar em qualquer época (quase como o Pernalonga ou Pica-Pau).

A diferença, claro, é que nem todas as piadas soam tão inócuas ou bem intencionadas pois foram feitas para os anos 1970, mas, bem, o material pelo menos é bem mais criativo e oferece algum potencial que é limitado pelo orçamento (limitado)... Ao ponto que eu genuinamente acho que, com um orçamento minimamente decente e um pouco mais de refinamento narrativo, o material seria realmente incrível.

Quer dizer, existe algo bastante genuíno no quase amadorismo que se monta pela falta de efeitos especiais decentes (ou figurino, ou cenário ou...), e talvez essa seja a real magia que faz a ideia toda funcionar, mas honestamente eu acho que falta muito pouco para ser algo no nível de Steve Gerber com o Pato Howard ou qualquer história humorística bem escrita envolvendo super heróis.

E isso é um paradoxo crucial para o charme do personagem. Sem esse amadorismo, e figurinos e cenários porcos, é bem provável que acabaria barrando em aspectos menos técnicos ao criar algo que pareceria, paradoxalmente, mais artificial pro ser menos genuíno... Sabe, como os Trapalhões, barrando na suspensão de descrença e efetivamente caindo no circense, algo que só funciona num contexto perfeitamente específico e descolado da realidade (e, que, hoje em dia funciona cada vez menos e menos).

Talvez o maior fascínio do Chapolin resida mesmo nesse paradoxo de como ele funciona encapsulado nesse contexto enquanto ainda consegue oferecer algo maior e mais complexo - e, ao meu ver, oferece algo mais dinâmico e inteligente que tudo dos outros trabalhos do Bolaño, por mais que os fãs babões me persigam e exijam uma retratação... 

 

[Editado em 29/07] Para não gastar uma nova resenha com o seriado Chespirito - Sem Querer Querendo: Bem medíocre e vai chamar mais atenção pela polêmica dos atores que não cederam seus nomes e até mesmo semelhanças que estão reclamando que existe manipulação e incongruências contra eles... E, honestamente, eu não vou nem fingir que me importo.

Sim, a Dona Florinda e o Quico saem bem queimados na história toda, mas será que qualquer dos elementos lá demonstrados é mentiroso ou só os pinta de maneira menos favorável que eles gostariam...?

Se você é muuuuuito fã do Chaves, eu duvido que não vá gostar.

Mas se você é muuuuuito fã do Chaves, assista ao Chaves que você vai gostar mais [/fim da edição] 

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