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6 de março de 2025

{Resenhas de Quest} Os irmãos Aventura

Começando em 2003 como uma das primeiras animações do bloco Adult Swim, os Irmãos Aventura produziu 86 episódios (e um filme) em sete temporadas com loooongos intervalos já desde o começo (a segunda temporada saiu só em 2006, pra você ter uma ideia).

A série tem uma vibe da animação da Hanna Barbera Jonny Quest, com a ideia de uma família de um super cientista viaja o mundo em busca de aventura e artefatos (quase) mágicos, mas, expandindo a partir dessa noção a série extrapola para absurdos lógicos acerca disso. E enquanto essa era a ideia que o Adult Swim trabalhava no momento com reimaginações de clássicos da Hanna Barbera com uma ousadia trangressora - como com Harvey Birdman, Advogado ou Space Ghost de Costa a Costa - o ângulo vai mudando com um desenvolvimento maior do mundo onde estes personagens existem não apenas como substitutos para uma paródia da Hanna Barbera.

Por exemplo, o pai, Dr. Thaddeus Rusty Venture já percorria o mundo em busca de aventuras com seu pai (Jonas), o que inspirou um desenho animado, quadrinhos e que é a base de toda a notoriedade do personagem, e além da ameaça de locais supersticiosos, Rusty e família se deparam com terríveis vilões fantasiados com sonhos de dominação global, o que leva a toda uma estrutura da sociedade ao redor destes eventos (da superciência e vilões fantasiados), e, conforme a série avança mais e mais detalhes sobre esses pontos são desenvolvidos e apresentados, onde nos deparamos com toda uma série de tratados e acordos decorridos para uma coexistência entre vilões fantasiados, grupos de contrainteligência (claramente inspirados em Comandos em Ação/G.I. Joe), heróis, robôs e monstros alienígenas.

O foco nas primeiras três temporadas é na família Aventura, com foco principal nos irmãos Hank (traduzido como Marcelo) e Dean (traduzido como Maurício), e as trapalhadas em que eles se metem constantemente. Isso acaba se desnevolvendo com uma reviravolta do final da primeira temporada (sem spoilers) e passa a ter mais significado nas temporadas e episódios seguintes, e, é algo muito bem trabalhado.

E, honestamente eu acho que você tem aqui alguns dos melhores episódios da série como um de meus favoritos "Fuga para a Casa das Múmias Parte 2" da segunda temporada, e "Você está aí Deus, sou eu, Maurício"... Ainda que os sinais problemáticos já estivessem ali com o Barão Underbheit (que gosta de se casar com garotos pré-púberes).

Aí a gente chega na quarta temorada com uma paródia gay do Superman que também é pedófila (claro) e fica difícil justificar a qualidade do roteiro com a quantidade não minúscula de piadas homofóbicas (que obviamente estes personagens gays são pedófilos) e capacitistas (sim, tem um personagem análogo ao Coisa do Quarteto Fantástico que é chamado de retardado, e nem é o único exemplo - ou vez que a palavra é usada na série). As duas últimas temporadas (seis e sete que são as únicas em fullscreen) parecem um soft reboot deixando o material mais problemático para trás...

O que é uma pena porque quando a série se empenha, existe um material realmente interessante e bem trabalhado.

A jornada do Gary/Capanga 21 de mero figurante sem nome do começo da série para alguém em busca de si próprio quando perde seu melhor amigo e todo o mais que se segue, mostra bastante da nuance que a série consegue estabelecer nos roteiros e desenvolvimento mesmo de personagens insignificantes (ainda que eu positivamente não veja graça em boa parte dos arcos envolvendo o Monarca depois da terceira temporada - e a história toda do Morfo Azul não agrega nada interessante).

Resumindo: O material tem um bocado de coisas que não só envelheceram mal como já eram problemáticas (para dizer o mínimo) há quase vinte anos quando isso começou a sair. Só que existe muito mais imaginação e boas ideias além de um roteiro consistente e bem trabalhado (com segredos e mistérios apresentados na primeira temporada em 2003 que seriam melhor contextualizados na última temporada quinze anos depois).

Vale a pena conferir - ainda que já ciente do material problmático - nem que ao menos um ou dois episódíos para ver se funciona para você.

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