A série tem uma vibe da animação da Hanna Barbera Jonny Quest, com a ideia de uma família de um super cientista viaja o mundo em busca de aventura e artefatos (quase) mágicos, mas, expandindo a partir dessa noção a série extrapola para absurdos lógicos acerca disso. E enquanto essa era a ideia que o Adult Swim trabalhava no momento com reimaginações de clássicos da Hanna Barbera com uma ousadia trangressora - como com Harvey Birdman, Advogado ou Space Ghost de Costa a Costa - o ângulo vai mudando com um desenvolvimento maior do mundo onde estes personagens existem não apenas como substitutos para uma paródia da Hanna Barbera.
Por exemplo, o pai, Dr. Thaddeus Rusty Venture já percorria o mundo em busca de aventuras com seu pai (Jonas), o que inspirou um desenho animado, quadrinhos e que é a base de toda a notoriedade do personagem, e além da ameaça de locais supersticiosos, Rusty e família se deparam com terríveis vilões fantasiados com sonhos de dominação global, o que leva a toda uma estrutura da sociedade ao redor destes eventos (da superciência e vilões fantasiados), e, conforme a série avança mais e mais detalhes sobre esses pontos são desenvolvidos e apresentados, onde nos deparamos com toda uma série de tratados e acordos decorridos para uma coexistência entre vilões fantasiados, grupos de contrainteligência (claramente inspirados em Comandos em Ação/G.I. Joe), heróis, robôs e monstros alienígenas.
O foco nas primeiras três temporadas é na família Aventura, com foco principal nos irmãos Hank (traduzido como Marcelo) e Dean (traduzido como Maurício), e as trapalhadas em que eles se metem constantemente. Isso acaba se desnevolvendo com uma reviravolta do final da primeira temporada (sem spoilers) e passa a ter mais significado nas temporadas e episódios seguintes, e, é algo muito bem trabalhado.
E, honestamente eu acho que você tem aqui alguns dos melhores episódios da série como um de meus favoritos "Fuga para a Casa das Múmias Parte 2" da segunda temporada, e "Você está aí Deus, sou eu, Maurício"... Ainda que os sinais problemáticos já estivessem ali com o Barão Underbheit (que gosta de se casar com garotos pré-púberes).
Aí a gente chega na quarta temorada com uma paródia gay do Superman que também é pedófila (claro) e fica difícil justificar a qualidade do roteiro com a quantidade não minúscula de piadas homofóbicas (que obviamente estes personagens gays são pedófilos) e capacitistas (sim, tem um personagem análogo ao Coisa do Quarteto Fantástico que é chamado de retardado, e nem é o único exemplo - ou vez que a palavra é usada na série). As duas últimas temporadas (seis e sete que são as únicas em fullscreen) parecem um soft reboot deixando o material mais problemático para trás...
O que é uma pena porque quando a série se empenha, existe um material realmente interessante e bem trabalhado.
A jornada do Gary/Capanga 21 de mero figurante sem nome do começo da série para alguém em busca de si próprio quando perde seu melhor amigo e todo o mais que se segue, mostra bastante da nuance que a série consegue estabelecer nos roteiros e desenvolvimento mesmo de personagens insignificantes (ainda que eu positivamente não veja graça em boa parte dos arcos envolvendo o Monarca depois da terceira temporada - e a história toda do Morfo Azul não agrega nada interessante).
Resumindo: O material tem um bocado de coisas que não só envelheceram mal como já eram problemáticas (para dizer o mínimo) há quase vinte anos quando isso começou a sair. Só que existe muito mais imaginação e boas ideias além de um roteiro consistente e bem trabalhado (com segredos e mistérios apresentados na primeira temporada em 2003 que seriam melhor contextualizados na última temporada quinze anos depois).
Vale a pena conferir - ainda que já ciente do material problmático - nem que ao menos um ou dois episódíos para ver se funciona para você.
Nenhum comentário:
Postar um comentário