A forma de contar uma história possui diferentes estruturas. Um filme, um livro, uma história em quadrinho ou uma música (ou outras diversas alternativas) pode contar uma narrativa que vão variar de acordo com processos e estruturas, e mesmo no mesmo meio essa mesma narrativa pode conter tons diferentes.
Dentro de um livro, o maior limitante é a capacidade de um autor de descrever uma cena de forma a conduzir os eventos mas o céu é o limite (o autor não precisa se preocupar com orçamento para a construção da cena que ele está bolando, o papel aceita tudo, quaisquer limites virão da editora pelo número de páginas para a edição, e tão somente isso), algo que não existe num filme (onde a cena é exposta com imagens - mas reforçando o ponto anterior, tem limitações de orçamento para produzir esta cena de maneira crível ao espectador e à história). E o mesmo ocorre com outros dos elementos da história.
Um personagem pode ter longos monólogos internos para contextualizar sua vida e situação em um livro, extrapolando os eventos narrativos para (tediosas) passagens que definem o caráter e personalidade deste. Num filme onde cada segundo conta (e custa), um longo monólogo que não avança a história, consome tempo precioso da película e pode resultar no público perdendo o interesse, comprometendo todo o esforço de fisgar a atenção da audiência até aquele momento.
Na verdade, inclusive os primeiros 15 minutos são cruciais para um filme, e não é raro encontrar exemplos em que eles trazem não só as melhores cenas de um filme (sim, 007, estou falando de vários de seus filmes) como em alguns casos a única parte efetivamente boa e que vale a pena de um filme (sim, 007, estou falando de vários de seus filmes), afinal, uma boa primeira impressão pode garantir a boa vontade e empolgação para o restante do material.
Com seriados, no entanto, as condições mudam uma vez que bons quinze minutos podem te manter empolgado pelo primeiro episódio, mas é necessário um bom gancho para te fazer voltar, e esse gancho pode vir de uma premissa cativante e interessante ou de um final empolgante levando a perguntas para a condução da história.
Isso divide seriados em duas condições principais: As estruturas independentes (em que cada episódio ou pequena coleção deles, traz uma história com começo, meio e fim e não necessariamente interligada com o restante da série - shows detetivescos com o vilão da semana ou seriados médicos facilmente se encaixam nessa estrutura), e estruturas sequenciais (em que cada episódio se constrói de maneira cadenciada e contínua, construindo mundo e progredindo a narrativa conforme a série avança - o que não quer dizer que tudo seja planejado com antecedência, só que existe uma narrativa maior construída capítulo a capítulo - e é extremamente comum aos shows de prestígio da HBO ou Showtime), mas ainda podemos levar em conta antologias (como Além da Imaginação ou Black Mirror, que são independentes, porém tendem a quebrar gêneros e convenções narrativos, às vezes utilizando um mesmo ator em diversos papéis ou construindo uma premissa única por episódio - às vezes partindo de drama, horror ou comédia entre episódios) ou as esquetes (mais comuns em comédias com quadros curtos para contar uma piada sem conexão com a próxima, e, em dados casos inclusive com non-sequiturs).
E é possível verificar através de gêneros as diferenças (e similaridades) entre mesmos materiais, inclusive com alguns que foram adaptados com filmes e séries, como Hannibal (em mais de uma versão de filmes e depois como um seriado excelente por sinal), com diferentes processos e convenções narrativos, e pretendo destrinchar um pouco mais sobre o assunto na parte 2 daqui um mês justamente ao comparar a série Hannibal com suas contapartes cinematográficas.
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