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21 de dezembro de 2023

{Re-re-hakusho} Yu Yu de Quinta (?)

Ah, Yu Yu Hakusho com seu sorriso contagiante (da cidade grande, estou só)... Isso me traz boas recordações de assistir na tv Manchete (e mais tarde ler todo o mangá - e rever o animê em dvd na época da faculdade) e eu acho que é fácil um dos meus favoritos.

Eu sei que o final é desapontante - e tem todo o problema da estafa e desgaste mental do autor na reta final, junto com a frustração de que seu trabalho nunca chegou à altura e popularidade de outros contemporâneos - mas ainda assim tem uma bela sequência de histórias cheias de ação, personagens divertidos e interessantes e curiosamente muito coração.

Agora, a versão da Netflix... Já não sei dizeeeeeeeeeer, o que me dói mais...

Cai nos clichês de adaptações (principalmente de material japonês) com atores ruins que foca mais em replicar o estilo e o visual (mas sejamos honestos que o Zack Snyder também faz bastante isso), cheio de perucas bizarras, cabelos mal coloridos e trajes berrantes de tão coloridos que tiram a atenção nos momentos mais calmos que deveriam desenvolver os personagens e formar o elemento de coração que é tão importante no original. Eu só consegui assistir dublado (porque os atores originais são terríveis ao ponto que é assustador - quer dizer, o rapaz que faz o Yusuke até melhora um pouco conforme a série avança ainda que não termine como nada digno de qualquer nota) e fui agraciado com boa parte dos dubladores da série original, com a clara exceção de José Luiz Barreto, dublador de Kuwabara, que faleceu em 2018, e mesmo assim eu tenho sérias ressalvas.

Quer dizer, mesmo com o foco em um aspecto visual pelas cores, uniformes e o que mais, parece que preferiram parar aqui nessa questão visual porque a seleção de elenco não se dá ao trabalho de entender que os personagens deveriam ter diferença de altura (Hiei é o baixinho invocado enquanto Kuwabara é o alto bobalhão) e outros aspectos para compor suas personalidades.

Ou mesmo como os personagens funcionam, que é o grande problema que vemos com Toguro - que é o vilão mais interessante da série animada ou dos quadrinhos. Ele é um sujeito sombrio com uma presença intimidadora principalmente pela forma como ele é apresentado e suas ações correntes (saca, o sujeito grande de óculos escuros e imparável, mais ou menos como um outro personagem famoso de um filme que saiu nessa época...?) e isso é o que faz o personagem funcionar.

Na versão Netflix? Ele vira uma monstrosidade forte e gigante (não verde para motivos distintos) que pelo menos mantém os óculos escuros sempre para ter aquela vibe de "cara legal". Mais que isso ele é apresentado como um capanga sem graça, sem cérebro e que tem todo um grupo de gente trabalhando com ele (que é o oposto das demais versões em que esse grupo se reúne somente - e tão somente - para o torneio e pelas exigências do torneio, mantendo o personagem sozinho e intimidador pela sua presença).

Mas tudo isso se resume no fato que a série tenta, de maneira bizarra e estranha fazer um pot-porri compilando treze volumes de história ou 65 episódios - de um total de 112 - do animê (todo o período de detetive sobrenatural, o treinamento com Genkai, o torneio das trevas) da maneira mais rápida e objetiva para formar 5 episódios de 40 minutos. Tudo corre como se estivesse com turbo o tempo todo, e, pior, não dá tempo de se desenvolver nem a narrativa e nem os personagens para isso funcionar.

Yusuke e Kuwabara precisam provar seu valor para se tornar discípulos de Genkai nos quadrinhos e na animação. Aqui? Ela decide treiná-los simplesmente - enquanto a narrativa ignora os elementos da história inicial (do roubo dos tesouros do mundo sobrenatural - que era o foco de Yusuke, e um dos principais motivos pelos quais ele se tornou um detetive sobrenatural em primeiro lugar). Droga, mesmo o desenvolvimento do respeito mútuo e amizade dos personagens principais (que não deveria ser o mais difícil se vão solapar o material à sua essência) se perde com o foco na ação.

E enquanto a ação funciona boa parte do tempo (e eu tenho que dar o braço a torcer e dizer que é o ponto mais forte da série além de estar entre algumas das melhores ações que eu vi nos útlimos anos), ainda existem os elementos que se perdem an traduzãon (sim, intencional). Kurama simplesmente virando um yokai (de novo, porque não?) e Hiei usando as chamas do dragão das trevas são, bem, oco e vazios de significado, pelo simples fato que não existe um contexto (nós nunca vimos esses personagens usando seus poderes ou superando outros adversários para justificar tal escalonamento de força/poder).

Nem é o tipo de coisa que funciona para quem conhece o original, porque repito, essa comparação torna pior pelo simples fato que essa é uma versão inferior (com atores ruins - em alguns pontos elevanto para 11 o nível de canastrice, principalmente o irmão do Toguro no final -, perucas esquisitas e cores vibrantes). Então... Não seria só melhor relançar o original com uma versão remasterizada - talvez melhorando o final?

Olha, eu confesso que odeio ficar procurando explicações de bastidores sobre como as coisas se deram e porque não funcionam para formar minha opinião sobre um material, mas eu confesso que não me surpreenderia se a reunião de proposta da série com a Netflix tenha corrido assim:

Equipe do seriado: Olha, nós temos uma visão extraordinária para adptar esse quadrinho japonês em 6 temporadas de 10 episódios e um filme de maneira épica e extraordinária.

Equipe da Netflix: Gostamos da ideia. Aqui está o orçamento.

Equipe do seriado: Uau, que bacana! Por episódio?

Equipe da Netflix: Por temporada. E só aprovaremos uma continuação se a primeira for um sucesso absoluto e irrestrito, e mesmo assim talvez cancelemos por qualquer motivo.

Aí fica claro porque gastaram todas as fichas nesse material que, bem, parece um protótipo de apresentação da ideia e não um seriado pronto para lançamento. E, ei, talvez funcione para quem não conhece o material (o que parece uma lógica robusta para qualquer pessoa na faixa dos 10-20 anos atualmente que não conheceriam de outra forma um quadrinho publicado em 1992 - com personagens que curtiam Oingo Boingo ou frequentavam shows do Metallica)

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