Feitiço do Tempo (Groundhog Day, 1993) é um filme perfeito para o momento atual em que estamos vivendo em quarenta/isolamento social.
Enquanto o protagonista vive o mesmo dia de novo e de novo e de novo, ele precisa aprender a lidar com essa situação - e é nisso que reside o gravitas da situação. Phil Connors começa incrédulo de sua situação, passa por uma incrível frustração com as pessoas ao seu redor (que compartilham do dia de Phil, mas sem se lembrar do ciclo) enquanto busca alternativas a seu destino com condições para tirá-lo da repetição constante (incluindo tentativas de suicídio) até finalmente aceitar sua situação e, tentar tirar o melhor de tudo isso.
Phil lida com as cinco fases de luto de Kubler-Ross, claro (afinal, para Phil, sua vida está perdida enquanto lida com a constante repetição de um único dia), mas eu acredito piamente que o filme vai bem além disso. Phil é uma pessoa terrível quando o filme começa.
Arrogante, prepotente (mesmo que somente um meteorologista de um canal de tv modesto para dizer o mínimo) e mais uma dezena de outros defeitos que são bastante claros e nítidos, porém, conforme o filme avança, vemos como ele começa a desenvolver seu potencial, e comece a se tornar uma pessoa melhor.
O cenário dele é terrível, sem sombra de dúvidas - repetindo o mesmo dia de novo e de novo e de novo - e desesperador - repetindo o mesmo dia de novo e de novo e de novo - mas somente quando ele consegue enxergar através do terrível e desesperador, é possível extrair o melhor possível.
Phil se torna uma pessoa melhor. Se esforça dia após dia para aprender, para ajudar os demais e é justamente no momento que consegue que pode deixar para trás essa sua prisão do tempo.
Claro que o talento e carisma avassaladores de Bill Murray ajuda demais a manter esse filme de começo a fim, com uma direção firme e consistente de Harold Ramis (sim, o Dr Egon Spengler) que garante a continuidade e fluidez da trama - e dificilmente outra dupla conseguiria tamanha proeza.
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