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7 de novembro de 2019

{Resenhas de Quinta} My Hero Academia (Friendship is Magic) - Kohei Horikoshi

Eu confesso que não sei exatamente como resenhar esse material por uma série de motivos...
Resenhar edição por edição é bastante tedioso (alguns dos arcos levam umas boas cinco ou seis edições para concluir sem que exista grande desenvolvimento edição a edição), e resenhar de maneira abrangente parece, por falta de palavra melhor, preguiçoso pra caramba.

Então eu comentaria a premissa, o material que eu li (até a edição 20) e os pontos positivos e negativos gerais da série até o momento (não estou tão atrasado afinal a edição 22 foi recentemente publicada em setembro de 2019).

My Hero Academia é um mangá vastamente inspirado na ideia de quadrinhos de super herói norte americanos, tanto somando a isso o dinamismo da arte e estilos japoneses como trabalhando com conceitos e ideias bem e tipicamente americanos. Pode parecer difícil de imaginar em primeira instância, mas a verdade é que a série faz isso com enorme qualidade.
Esse inclusive é o maior trunfo do material em mesclar tão perfeitamente quadrinhos americanos e japoneses numa narrativa de um jovem que quer se tornar um super herói.

Aqui, é verdade, a trama acaba seguindo um pouco mais dos clichês de histórias japonesas da jornada do herói em combates cada vez mais complexos conforme desenvolve seus poderes (vide os Cavaleiros do Zodíaco enfrentando, literalmente dos cavaleiros de bronze, prata e ouro na sequência, mas existe o exemplo acima de 9000 de Dragon Ball que também funciona bastante aqui). Essa progressão faz bastante sentido aqui, uma vez que se trata de um grupo de adolescentes super poderosos aprendendo a lidar com seus poderes em uma escola à X-men.

Nisso a história acaba tendo enorme dificuldade no começo para engajar o leitor haja vista os números cada vez crescentes de personagens (logo de cara são duas turmas de uma escola de super heróis com 20 alunos cada somadas a um grupo de professores que varia entre cinco e dez e mais um considerável elenco de apoio não relacionado E super vilões). Somado ao fato que alguns personagens são bem parecidos visualmente e com poderes bastante similares ou pouco interessantes (como o rapaz que tem um rabo, e é isso), nem sempre a história vai fluir caudalosamente.

No centro da história estão Izuku Midoriya (Kid) e Katsuki Bakugo (também chamado Kacchan) rivais/amigos que estão em busca do sonho de se tornarem heróis em uma sociedade em que eles 80% da população tem algum tipo de poder. Ambos admiram o grande herói japonês All-Might (que é bem inspirado na cultura norte-americana e inclusive se parece com o que o Superman seria se fosse criado no Japão), e, o cerne do que move e faz o mangá tão interessante está o debate sobre o que faz e constitui um herói.

O mundo criado por Kohei é bem interessante e abusa da lógica para criar um universo que é ao mesmo tempo coerente com a existência de super heróis (ou seja, o mundo mudou e se adaptou a essa realidade ao contrário do que acontece na Marvel e DC em que o mundo é bizarramente idêntico ao nosso com pequenos ajustes), desde estruturas sociais mais mundanas para processos da efetiva ação de super heróis no combate ao crime em sua estrutura burocrática, pragmática e funcional.

Heróis gravam comerciais da mesma forma que modelos (ou youtubers) para continuar relevantes e aparecendo na mídia, afinal suas imagens públicas são importantes para garantir a empregabilidade. Heróis dependem da ação policial para prender criminosos (não basta só deixar o cara preso numa teia de aranha com um bilhete com uma piadinha). Heróis precisam de licenças emitidas pelo governo para atuar (e não seja o que for que a Marvel quis propor em Guerra Civil com o 'registro'), até porque sua função é basicamente um emprego que os expõe em situações de maior periculosidade considerando que eles estão mais preparados (graças a seus poderes) para lidar com os riscos que, digamos, policiais comuns ou bombeiros - mesmo que policiais e bombeiros também manifestem poderes com menor intensidade, mas como o universo estabelece, o trabalho de herói é vastamente concorrido, e arriscado.

Esse mundo é crível e interessante (devido aos personagens diferentes e muito carismáticos estabelecidos), ainda que alguns nomes sejam simplesmente intragáveis (sim, Mineta é o primeiro que obviamente vem à mente, e alguns outros vão depender de gosto, afinal eu acho o Bakugo bem intragável, mesmo que seja o personagem mais popular da série no Japão), e, claro, nem toda história se desenvolva com o mesmo grau de interesse.

Veredito? É um bom mangá, que cria um mundo interessante (e melhor imaginado que muito quadrinhos da Marvel e DC que fazem isso há décadas) ainda que com vários defeitos (devido o excesso de personagens para citar o principal).

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