Enquanto um enorme ícone e potencial de talento irrefreável nos anos 1980, Frank Miller viu nos últimos anos uma inclemente ojeriza (da qual, sem o menor medo de admitir compartilho).
Miller conseguia tirar água de pedra com personagens fadados ao fracasso como o Demolidor prestes ao cancelamento, criar uma das mais conceituadas franquias independentes com Sin City além de estar diretamente envolvido na expansão dos mangás no mercado ocidental, seja através de seu estilo e algumas hqs como Ronin, seja com o trabalho com a Dark Horse para publicar Lobo Solitário na íntegra pela primeira vez e com enorme qualidade e prestígio.
Por algum tempo Miller não podia errar. Trabalhou com sucessos após sucessos, inclusive mirando uma carreira cinematográfica a partir dos filmes do Robocop (sendo o segundo de sua autoria).
Com os anos 1990, o autor já vivia bem mais do renome que efetivamente de novos bons sucessos (que já eram um eco de um passado nem tão distante), e foi com o início do novo século no já distante 2001 que Miller começou sua espiral de declínio mais inegável e visível.
Se nos anos 1990 ele já não fazia muito de memorável, com o novo Cavaleiro das trevas para viver da nostalgia de uma de suas mais emblemáticas histórias ele demonstra que de fato não tem absolutamente nada de novo a dizer (inclusive iniciando sua história com uma enormidade de reproduções dos eventos do primeiro arco).
Miller acabou voltando ao destaque com adaptações de maior prestígio de seu trabalho - como 300 de Zack Snyder e Sin City de Robert Rodriguez, Quentin Tarantino e ele próprio... O que o levou para o ponto mais baixo de sua carreira, o péssimo Spirit que deveria adaptar a obra de Will Eisner (que, publicamente Miller dizia admirar, mesmo enquanto produzia tamanha atrocidade e crime contra a humanidade).
Veio mais droga na sequência, é óbvio, com o Terror Sagrado e o Maldito Batman, e, precisando de uns trocos a mais, Miller volta para a DC (que também precisava de uns trocos a mais) e lança a segunda continuação de O Cavaleiro das Trevas - dessa vez em parceria de alguns talentos como Brian Azzarello num arco de nove edições que levou quase três anos para sair (e ninguém realmente se importar com ele).
Então veio o Ano Um do Superman.
Sei que o final ainda não saiu, somente 2/3 do material, mas, se servem de algum indicativo em conjunto com todo o já citado aqui, é de que Miller não tem a mínima ideia de como contar uma história do Superman.
Não é só ruim. Não é só pouco imaginativo. Não é só lugar comum...
É bobo, é parvo e genérico.
Os amigos de Clark no colégio sofrem bully, ele revida e se encrenca... Ah, e os bullies tentam estuprar a namorada do colégio, Lana Lang por algum motivo...
Superman se junta ao exército e descobre a cidade perdida de Atlantis!
Mesmo a escrita e a forma como Miller tenta elaborar seu texto é travada, convoluta e muitas vezes ininteligível. Sim, os personagens são lugar comum, os eventos nada memoráveis e os dois volumes não justificam em nada o título de 'ano um' (afinal se passam num longo intervalo de vários anos). Parece, no entanto, com Alienígena Americano sem o talento e qualidade (ou mesmo imaginação) mas em compensação com os excessos de recordatórios que lembram mais Sin City que Superman...
Bem fraco - tipo o outro trabalho do selo Black Label, aquele do Batman com o Azzarello.
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