(Sim, a versão da Panini é cara pra cacete e só esse fato já torna difícil de recomendar, então todo o foco do texto é aparte desse fato).
Depois de ler a série quando saiu entre 2014 e 2015 eu me prometi a reler novamente tudo de novo e tentar compreender a coisa toda e ver se ela se torna coerente.
Muito do que eu tinha pensado naquela época se manteve - os capítulos individuais são interessantes, com alguns momentos melhores do que outros, criando paralelos interessantes com uma narrativa inteligente passando por Watchmen (não apenas no capítulo claramente inspirado pela série de Alan Moore), Rei Amarelo e o Homem no Castelo Alto (com o livro amaldiçoado e que abre portas para outra dimensão).
Saindo disso ainda sobra espaço para alguma sacada inteligente aqui e ali (como o universo que coloca a vida de herói como paralelo ao vazio estrelato de Hollywood), uma homenagem bacana para outros grandes artista e o passado da DC (com as histórias do Kamandi e do Capitão Marvel), mas o grande ponto é que tudo isso é interessante e minimamente tangente.
Grant Morrison cria tudo, uma coleção de mundos curiosos e interessantes e nos apresenta cada um deles com suas particularidades e regras simplesmente para apresentar outro mundo na edição seguinte e assim até a edição final.
Não existe uma 'grande história' que se forma e molda graças a uma pista aqui, uma dica ali ou algo que cruze por todas as edições, pelo contrário, a 'história' surge nos dois capítulos iniciais e finais que compõem o 'Multiversity 1 e 2'. Existe uma grande ameaça - que mal é desenvolvida pela série toda - e tudo termina subitamente sem resolver coisa alguma.
Fica brecha para outra ou outras continuações, mas, sinceramente, não sobra muito interesse. Sim, Morrison criou várias boas histórias, mas eu francamente preferia que essas histórias individuais crescessem e se expandissem do que uma continuação da história.
Inclusive pra mim acho que a escolha de Ivan Reis para os dois capítulos da história principal não foi a mais acertada, sem criticar ou diminuir o brasileiro. Seu estilo caberia melhor em algum dos capítulos internos como o estilo de um único mundo em particular.
Com os mundos se cruzando - e os personagens cruzando mundos - e Reis mantendo seu estilo quase inalterado acaba faltando certo impacto na arte.
Seria bem mais interessante, por exemplo, que o artista para as edições 1 e 2 fosse capaz de emular os estilos dos outros artistas/universos que a escolha pelo clássico heroico no qual Reis é tão competente.
Quer dizer, eu acredito claramente que o incrível J. H. Williams III de Promethea seria uma escolha mais acertada - e com maior alcance e perspectiva de arte. Esse é um ponto onde a série poderia explorar bem mais do que uma simples história de vilões destruindo o mundo...
Cabia bastante a condição de explorar os 'universos' de quadrinhos fora da realidade de super heróis (com tantas perspectivas de universos paralelos, quão diferente seria mostrar uma alusão a nave de Superman caindo no Japão de Dragon Ball, num estilo de arte de mangá?) e mesmo buscar e observar estilos e narrativas diferentes como formas de complementar o estilo e condição do universo de quadrinhos.
Buscar artistas fora do eixo tradicional para produzir algum pequeno especial - como foi o especial de 80 páginas que poderia receber algo além dos artistas tradicionais e famosos dos quadrinhos de heróis, como Sérgio Aragonés ou mesmo algo bem mais distante como o argentino Liniers ou Chris Ware ou...
Tudo isso sem cair no 'vilão do mês' que é uma analogia/metáfora para a indústria dos quadrinhos, somado por vilões auxiliares que são os leitores e os criadores.
Quer dizer, eu acredito claramente que o incrível J. H. Williams III de Promethea seria uma escolha mais acertada - e com maior alcance e perspectiva de arte. Esse é um ponto onde a série poderia explorar bem mais do que uma simples história de vilões destruindo o mundo...
Cabia bastante a condição de explorar os 'universos' de quadrinhos fora da realidade de super heróis (com tantas perspectivas de universos paralelos, quão diferente seria mostrar uma alusão a nave de Superman caindo no Japão de Dragon Ball, num estilo de arte de mangá?) e mesmo buscar e observar estilos e narrativas diferentes como formas de complementar o estilo e condição do universo de quadrinhos.
Buscar artistas fora do eixo tradicional para produzir algum pequeno especial - como foi o especial de 80 páginas que poderia receber algo além dos artistas tradicionais e famosos dos quadrinhos de heróis, como Sérgio Aragonés ou mesmo algo bem mais distante como o argentino Liniers ou Chris Ware ou...
Tudo isso sem cair no 'vilão do mês' que é uma analogia/metáfora para a indústria dos quadrinhos, somado por vilões auxiliares que são os leitores e os criadores.
Você deve ter reparado que durante a resenha a palavra 'interessante' pululou várias vezes aqui e ali, né? Mas o que eu vou fazer se é a palavra que melhor descreve o material.
Não é genial, não é brilhante, não é revolucionário e a melhor coisa já publicada desde... É interessante. Ponto.
E digo isso tudo sem comparar com os materiais lançados pelas própria DC a partir de 2016 integrando os personagens da Hanna Barbera em um universo único e compartilhado (que é uma ideia comum ao 'Multiverso' só que com versões diferentes dos mesmos personagens).
Ou com a série dos Vingadores (ou Novos Vingadores se vale alguma diferença) escrita pelo Jonathan Hickman...
No fim a história principal não é nada memorável enquanto o miolo é onde reside o caldo e traz o material interessante propriamente dito, mas, com o preço cobrado pelo encadernado está longe de justificar a(s) leitura(s). Compensa mais mesmo ler os melhores capítulos (Pax Americana e Ultra Comics que são imperdíveis) mesmo e ignorar todo o resto, mesmo com seus bons momentos.
Nota: 5,5/10
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