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30 de junho de 2017

{Resenhas} Logan (2017)

Dizer que Logan é o melhor filme do Wolverine é como dizer que o Usain Bolt anda bem rápido...
Nenhum dos outros filmes é sequer decente (Origens é horroroso em incontáveis cenários e O Wolverine consegue várias proezas em cagar com personagens clássicos, com uma história clássica e ainda fazer um filme sobre a máfia japonesa e ninjas contra o Wolverine como algo desinteressante). Então o mais lógico e coerente é comparar com os demais filmes em que mutante canadense aparece, e, bem, vamos direto ao ponto?
Logan é o melhor filme da Fox em um bom tempo (sim, bem melhor que Deadpool, se você está se perguntando), e, sem sombra de dúvidas é o melhor filme que eles fizeram que utilize um super herói da Marvel (mutante ou não)... MAS, não é uma boa história do Wolverine, porque, afinal de contas não é uma história do Wolverine.

É um western com um sujeito alquebrado e que precisa cumprir uma última missão, e, por coincidência esse sujeito calha de ser o mutante briguento canadense (que está com alguma doença nunca muito bem explicada ou desenvolvida que está fritando o poder de cura dele), e, esse é o grande ponto problemático do filme.

Quer dizer, para uma sessão pipoca sem pretensões ou preocupações, claro, o filme é ótimo e eu tenho certeza que assistirei mais duas, três ou até mesmo dez vezes (inclusive porque a versão noir é bem legal e vale a pena dar uma conferida nas duas para ver as diferenças que a presença e ausência de cores produz e resulta na interpretação do filme) mas quanto mais eu penso no filme, menos sentido ele faz, ou, menos sentido ele faz como uma história do Wolverine.

De novo, é um western com todo louvor e glória do gênero e os autores não fazem questão de esconder isso (o professor Xavier assiste com Laura/X-23 uma cena de Os Brutos Também Amam - Shane de 1953 - que Laura vem a imitar ao final do filme), mas quanto mais eu vejo, menos eu vejo que esse é um roteiro para o Wolverine... Sim, poderia ser um western com Clint Eastwood e dirigido por Sérgio Leone...
Mesmo que mantendo a perspectiva de personagens de quadrinhos, pelo pouco que o protagonista destaca e denota de sua personalidade (ele está velho e cansado a maior parte do tempo e seus poderes não funcionam como outrora) poderia ser facilmente um filme com o velho Homem Aranha ou o velho Besouro Bisonho inclusive por depender tão pouco do personagem e sua história e mesmo do universo mutante (conveniente todos os mutantes estão mortos e é isso - o que, no mínimo é curioso ao se abandonar completamente a presença do vilão Dentes de Sabre que é o algoz frequente e costumas do Wolverine nessa que é a última história do personagem), fica difícil de enxergar além da performance de Jackman, Stewart ou Dafne Keen... Ainda bem que essas performances são excelentes!

É genérico, sim, mas funciona, e, porque isso deve ser um defeito se não tem falhas enormes e aparentes (como outros filmes - como Batman v Superman) e sobra no carisma e interação dos personagens?

Nota: 8,0/10

29 de junho de 2017

{Resenhas de quinta} Wolverdose de Wolverine!

Lendo as velhas histórias do mutante canadense Wolverine publicadas pela Panini na Coleção Histórica Marvel Wolverine (edições 1 a 4) que trazem desde o inicio da fase de Madripoor/Caolho  que começa em 1988 quando Wolverine e os demais X-men foram dados como mortos e ele usa um tapa-olho como disfarce, bem, eu tenho que admitir que datado é uma palavra que cabe perfeitamente bem, mas não apenas.

É fácil passar pelo fato que é datado em histórias como a do Wolverine contra o Hulk (Cinza conhecido como Sr. Tira-Teima) que tem um viés de Looney Tunes e uma história insana e absurda, mas ao mesmo tempo bastante divertida, assim como a alucinada saga de Peter David, a Pedra do Geena e isso também vale para outros contos curtos mais sérios (a história em que Wolverine caça um grupo de assassinos e, em outra em que é a caça do vilão Dentes de Sabre)...

Em outros momentos, como com o general (com cara de Pablo Escobar) que resolve criar um super-herói com poderes de cocaína (é isso mesmo que você leu) para defender seu país, um país com uma adolescente mutante com o nome La Bandera (que tem o poder de INSPIRAR as pessoas - e, sim, também é isso que você leu, e eu nem cheguei ainda no ponto mais ridículo), e, bem, ainda temos um androide nazista obcecado com depilação que pesquisa e desenvolve a cocaína que dá super poderes - que na verdade é um esporo alienígena criado há milênios atrás em uma batalha entre seres cósmicos (ta-dah!), bem, fica mais difícil para dizer o mínimo.

Sim, é verdade que em dois anos a série passa pelas mãos de três autores: Chris Claremont que escreveu a mini-série original e as histórias curtas da Marvel Comics Presents 1 a 10 e as primeiras dez edições, seguido por Peter David no arco A Pedra do Geena em seis partes e Archie Goodwin que segue até a edição 23! E é verdade também que isso propicia uma mudança enorme de tom nas histórias, mas, sinceramente, eu não consigo enxergar nisso como o grande problema para a
coleção, mas sim a repetição de um mesmo tema por QUATRO vezes (três autores e os três usando a mesma artimanha) a do vilão da vez ver no mutante canadense a porta ou caminho para a realização de seu plano perverso (e, esse plano perverso depende de controlar Wolverine - seja por uma mutante vampira, espada demoníaca, por um vampiro ancestral ou, de novo, um esporo alienígena que incorpora cocaína).

Como cada uma das tentativas tem diferentes graus de sucesso com essa mesma estrutura - David produz algo mais divertido que os demais ao abordar tudo com comicidade e focando no absurdo e ridículo, mas ao menos Claremont tem chances de escrever outras histórias mais interessantes, apresentando vilões diferentes e curiosos, mas droga, ele fez isso DUAS vezes!

No fim, caímos num material que, sim é datado pela sua estrutura e condição (o mesmo se diz do Demolidor do Frank Miller, por exemplo, afinal estão atrelados as constrições da época para publicação de quadrinhos) ainda mais em comparação com o que vinha começando na DC com o selo Vertigo (Homem Animal, Monstro do Pântano e Sandman são mais ou menos desse mesmo período de 1988). Não diminui o que é bom nos volumes 2 e 3, mas o contraste com certeza solapa o que é ruim...
Notas:
Volume 1 - 5,0/10
Volume 2 - 8,5/10
Volume 3 - 7,5/10
Volume 4 - 3,5/10

25 de junho de 2017

{EDITORIAL} Quem vigia os vigilantes?

A pergunta lançada pelo poeta Juvenal na Roma antiga ainda é válida para os dias de hoje, mas, talvez até MAIS válida nos dias de hoje.

Porque a resposta à Juvenal é fácil. A imprensa vigia os vigilantes...
O problema é que com essa imprensa...

E esse é um grande ponto da grande e complexa situação, que não vale apenas para o Brasil atual (não vou me ater a exemplos de Joesleys e outros sacripantas nacionais quando Trump e a Fox News dão um baile no exemplo - e fica mais difícil de algum idiota que não lê o texto tentar me chamar de petralha ou coxinha) pois, e digo isso sem falsidades ou exageros, é na força da imprensa que se constrói a força de uma sociedade.

No obscurantismo e ignorância da opressão da censura nos vemos acreditando que tudo vai bem e muito bom quando na verdade temos uma situação econômica calamitosa (tudo bem que não se faz necessário um diploma em economia para entender que diversas mudanças de moeda em poucas décadas não é um sinal de uma economia sólida), uma cortina de ferro para nos mascarar da realidade do restante do mundo (como na Coréia do Norte, Cuba ou a China) ou de um controle religioso e fundamentalista que não se baseia em qualquer noção prática ou lógica (como em vários dos países do Oriente Médio).

A imprensa surge como o limiar para facilitar o acesso do grande público à informação e, em tempos de internet ela é um veículo cada vez mais necessário - e, infelizmente, cada vez menos crível.
Muitos são os motivos que vão do sucateamento do modelo de negócios nas décadas de desvalorização enquanto dinossauros observavam inertes para o meteoro - no caso a internet - que vinha para destruí-los e solapar sua indústria... Afinal, grande parte dos anúncios advinha da necessidade de vincular propagandas e classificados com um atingimento maior de pessoal, coisa que qualquer rede social ou site de leilões te propicia, gratuitamente, até o imediatismo da rede - que pode trazer em tempo real uma informação (vide os casos de mortes de celebridades ou de catástrofes naturais), enquanto um noticiário ou mesmo um telejornal depende de tempo de preparação para consulta e verificação dos fatos.

E essa ponte parece cada vez mais difícil e até mesmo intransponível enquanto a pulverização de agentes criadores de conteúdo permite cada vez mais e mais pessoas produzindo suas próprias peças e ideias sobre assuntos diversos e variados (e, não, não me escapou a ironia de que este é exatamente  um texto opinativo sobre um assunto diverso e variado) parece mais buscar nichos e criar sua estrutura divisiva do que, em termos gerais buscar o que sempre foi o papel da imprensa (de simplificar e traduzir para o grande público as notícias e informações gerais).

Não existem respostas fáceis, mas se fazem necessárias mais alternativas do que revistas de fofoca glorificadas como jornais (acesse o site da folha ou estadão em qualquer dia da semana e me diga se uma das principais notícias não é sobre uma pseudocelebridade qualquer) ou a contínua tendência de transformar as notas policiais em espaço e chamariz para programecos que fariam corar cinegrafistas de filmes de horror da década de 80 (achando esses programas sanguinolentos e com violência gratuita demais) enquanto espaços relevantes de ciência, tecnologia, economia e política são relegados a estagiários semi-remunerados com jornadas extensas em frente a computadores procurando por termos chaves e traduzindo notícias de sites mais respeitáveis...

De novo, não existem respostas fáceis, só que o que está aí está longe de ser uma resposta válida também.

23 de junho de 2017

{Resenhas} A trilogia de Nova Iorque - Paul Auster

Três livros pelo preço de um? Não costuma ser um bom negócio, e por uma infinidade de razões - normalmente temos um material razoável/decente e os demais são tão entediantes que só mesmo vendido em conjunto para alguém ler... E sim, eu estou falando dessas coleções que você vê aos montes com 'trilogias' vendidas por aí (e não precisa ir além da pequisa de 'trilogia' no Amazon para ver cada coisa que eu tenho dúvidas se justificariam um volume único).

Não é o caso com o material de Paul Auster... Na verdade é difícil definir qual é o melhor material das três histórias, ou se de fato EXISTE uma história melhor e não são todas as três excelentes em seus próprios méritos (e, bem, é o que eu tive a impressão nessa primeira leitura).

Cada livro/história tem suas cento e poucas páginas mais ou menos (com fonte pequena, se isso ajuda para justificar a pouca quantidade de páginas para quem acha que quantidade de páginas vale muita coisa), e seguem na ordem de 'Cidade de Vidro', 'Fantasmas' e por último 'O quarto fechado'.
Como os títulos deixam bem claro, eles não descrevem absolutamente nada do que ocorre nas histórias... E, apesar de todas se passarem em dado lugar de Nova Iorque, bem, não existe muito na primeira impressão que conecte tematicamente cada capítulo além de, bem, serem histórias detetivescas em que o personagem a investiga/observa o personagem b, normalmente a mando do personagem c.
Apesar disso, no entanto, existem pequenas e breves relances em cada trama que explica melhor - ou detalha - uma trama secundária ou história contada/lembrada pelo personagem da primeira história lembra de um detalhe ou mesmo da trama toda da segunda ou terceira história...

Demora um pouco para acostumar, digo isso com certeza principalmente pela primeira história (Cidade de Vidro) cujo 'personagem' é justamente Paul Auster (sim, o autor), mas na verdade tem um pouco mais que isso, afinal existe o próprio Auster ESTÁ na história e o personagem principal é alguém se passando por ele afinal é o mesmo nome de um detetive que... Quer saber? Eu estou fazendo parecer bem mais complicado do que realmente é!

Mas depois que essa estranheza passa, é fácil entender a estrutura e a ideia do autor e ver, quando o segundo livro (ou história) surge com os personagens com nomes de cores e com a constante proeminência de cores por todo lado para explicar e justificar o universo dessa história, a coisa toda parece mais lógica, e, até mais do que isso, natural. E fica fácil ver os paralelos que o autor traça entre narrativa e análise literária (yep), e compreender o que se pretende ou intenciona com determinada cena e ação, e o que o autor tenta a tecer com sua narrativa...

E quando você chega na terceira história, que, parece começar bem diferente das demais, bem, já se está no estado de espírito para compreender o conjunto do que Auster realmente quer com sua trilogia, e, bem, não tem como discutir ou refletir mais, afinal você já foi enfeitiçado e, verdade seja dita, a partir de um ponto bem anterior já estava sob controle do autor a ponto de ser incapaz de discutir ou argumentar contra.

É simplesmente algo que eu tenho que recomendar com louvores...
Se minhas recomendações valerem de alguma coisa.

16 de junho de 2017

{Resenhas} O Último vôo do Flamingo - Mia Couto

O último vôo do Flamingo de Mia Couto é um daqueles trabalhos que é ao mesmo tempo fácil encontrar uma excelente citação em qualquer linha aleatória que você puxar para ler (que é uma qualidade que, até o momento só José Saramago produziu com tamanha presteza), e capaz de mesclar realismo e mitos/lendas de uma maneira que, bem, bem poucos autores são capazes de lidar (mesmo outros livros do próprio Couto não conseguem o mesmo grau de sofisticação).

Tratando um período de paz em um vilarejo esquecido por Deus no meio da África em que estranhas explosões de membros de uma comissão de paz da ONU, e, como não se poderia deixar de ser, muita gente tem intenções e pretensões obtusas (como o administrador local e a primeira dama) para encontrar a melhor solução para o caso.

{Editado} Não consigo falar muito mais sem estragar e/ou entrar em detalhes da trama que é melhor descobrir lendo, por isso fico no mais sucinto possível que são os parágrafos anteriores.

Mas a leitura é deliciosa, simples e ao mesmo tempo com uma enorme capacidade e sofisticação narrativa. Um primor que eu recomendo com louvores a leitura e acho que é, até o momento o melhor livro do autor que eu já li.

Espetacular!

15 de junho de 2017

{Resenhas de quinta} O Xerife da Babilônia - Bang. Bang. Bang.

Em tempos de Lava-Jato com toda a atenção sobre o palco da corrupção brasileira e todo um vitimismo que faz parecer que corrupção, incompetência e criminalidade são invenções nacionais, surge um pouco de refresco para nos mostrar com louvores que, bem, o Tio Sam não é tão santo quanto a mídia adora fazer parecer...
Sempre virando o rosto quando é cômodo e fazendo acordos escusos para garantir contratos polpudos (desde que os bolsos certos recebam o dinheiro). Não é exclusividade desta obra de Tom King, claro, Jonathan Frazen já trouxe o assunto (ainda que de maneira mais escrachada) em seu Liberdade anos atrás, mas há algo de diferente no contexto bastante pessoal e o peso da bagagem que Tom King - que serviu no Iraque na época e conhece as histórias e bastidores - que torna as situações e absurdos muito mais palpáveis que meros pontos de argumento.

Então esse aspecto da experiência pessoal se traduz em uma história que, ainda que cheia de surrealismo permeando o que deveria ser a normalidade e trilhando a conturbada situação histórica, que, ainda que recente só nos chegou sob os filtros das emissoras de televisão e outros veículos de mídia. 2004 não permitia uma visão objetiva e clara (e, verdade seja dita ainda hoje é bastante cedo), num cenário em que os super heróis começavam a pulular nas telas do cinema para suprir uma demanda por um salvador inquestionável e infalível que surgisse quando nada mais se podia esperar, um super herói que preveniria os ataques ao World Trade Center, prenderia Osama Bin Laden e ainda teria tempo para tomar o chá das cinco. Desculpe, é norte-americano, para comer cachorro quente com uma águia careca com fogos de artifício ao fundo...

Eu já tinha comentado um pouco sobre o volume original quando saiu, mas comprei a edição da Panini e reli o material, e, confesso que fiquei impressionado com a qualidade da tradução (parece bobagem, eu sei, mas eu já vi cada absurdo da editora do pãozinho redondo...), mas confesso que achei o acabamento um tanto pobre para um material de tamanho calibre.
Pô, cabia uma capa dura ou mesmo alguma estrutura menos pobre da contra-capa branca e que cai direto no roteiro...
Sei que tem uma diferença no pagamento de royalties e direitos autorais que definem a diferença no valor da tiragem e tudo mais, mas, bem, quem está disposto a comprar um material desse (que é de extrema qualidade) se dispõe a gastar um quinhão a mais por uma versão melhor...

E sim, eu sei que é pequeneza, mas é a pequeneza que faz bastante diferença na conservação do material pelos anos e anos (que o material merece).

Nota: 10, com louvor no roteiro e arte, mas perde um meio pontinho pelo acabamento da Panini, então nota final 9,5.

12 de junho de 2017

{Filosofia de Dia dos Namorados} Os Brutos Também Amam


A edição 24 de Batman, publicada semana passada, trouxe (e terminou com) a cena acima, o pedido de casamento por parte do morcegão para a Mulher Gato.
O que isso significa (se significa alguma coisa) para o personagem, bem, só o tempo dirá mas, bem, é bem propício para o Dia dos Namorados, ainda mais logo após o passamento do eterno Batman Adam West no último sábado(que descanse em paz, cruzado encapuzado!).

8 de junho de 2017

{Resenhas de Quinta} T2: Trainspotting Judgment Day (2017)

Sinceramente, não acredito que em qualquer mínimo momento destes vinte anos eu pensei minimamente 'Ei, porque será que não fazem uma continuação para Trainspotting?'.

Tudo bem que eu nunca fui exatamente fã do primeiro (ao ponto que tem gente realmente devotada que cita cada uma das falas), apesar de achar um filme muito bom, melhor que muitos filmes cultuados do Tarantino, por exemplo, mas, ainda assim eu assisti ao filme sempre com um enorme distanciamento, e, por mais que não me escapem os temas e o conteúdo, sempre foi uma realidade alienígena a mim, e, francamente desinteressante.

De novo, é um bom filme, eles são ótimos atores e o roteiro é excelente, mas é tanta sujeira, tanto sofrimento para mascarar os momentos de curtição que eu fico naquele ponto de observador involuntário e que, de todas as maneiras não quer se envolver.

Esta continuação começa com uma brilhante estrutura ao acompanhar individualmente cada um dos personagens sobreviventes do primeiro filme e mostrar como a vida os tratou nesses últimos, como o vício afeta e destrói vidas e como é difícil voltar aos trilhos depois que o trem descarrilha. Ou seja, tudo excelente para um drama de primeira.
Mas, meu Deus, como o filme se transforma em uma patomima depois de pouco mais de meia hora...
Depois que as peças estão no tabuleiro temos uma constante reverberação dos eventos do primeiro filme (personagens, cenas, locais e eventos que são sobrepostas sobre os eventos do presente) enquanto os personagens caem em suas rotinas e idiossincrasias da espiral de auto-destruição e vício...

E acho que o grande mal do filme se transcreve em um diálogo (que, curiosamente quem profere a frase que resume o material é dita em um outro idioma) quando a personagem Veronika (que é uma das personagens acrescentadas ao filme sem qualquer conexão com o original) explica que os demais personagens tem uma obsessão preocupante com o passado...

Talvez seja o intento de justamente solapar esse ponto que o filme serve e é essa crítica a uma obsessão idiota sobre uma nostalgia que não faz sentido: nenhum destes personagens pode realmente dizer que viveu 'bons e velhos tempos' na adolescência/juventude em meio ao abuso de drogas.
E talvez essa seja a grande e complexa problemática do vício - de ser um enorme torpor nublando a visibilidade e impedindo de ver com clareza...

Mas francamente? Dava pra fazer bem melhor, e o começo (ao mostrar como a vida destes personagens mudou e cada um seguiu seus rumos) mostra isso muito melhor do que todo o restante tentando recriar o primeiro filme.

Nota: 5,5/10

7 de junho de 2017

{Resenhas} John Wick - Capítulo 2 (2017)


John Wick - Capítulo 2, estrelando Keanu Reeves continua o filme John Wick (aqui como De Volta ao Jogo de 2014) que ficou famoso por ser o filme em que o personagem de Reeves sai em uma orgia vingativa após alguém matar seu cachorro.

É fato que existe mais que isso (existe um motivo para a vingança toda sobre o cachorro, afinal, é o último presente dado pela falecida esposa, e o cachorro é morto apenas por despeito por um garoto mimado), principalmente porque o filme sabe construir e coreografar cenas de ação como poucos. O filme também apresenta um universo curioso e interessante com um cenário de assassinos profissionais compartilhando uma série de regras e estruturas (as fichas douradas, o hotel onde podem conseguir trabalho e informação e que é área neutra).

O que a continuação resolve focar? Ora, não parece claro?
Na estrutura do universo curioso e interessante tornando as coisas mais complexas sem que façam exatamente muito mais sentido, com a tal moeda que é um contrato selado em sangue, por exemplo, e as câmaras de apelo e recursos e tudo mais tornam o filme num drama de tribunal em partes.

E na ação? Bem, o filme começa razoavelmente interessante com Wick se infiltrando um depósito para recuperar seu carro roubado (que era um grande xodó no primeiro filme) e nos primeiros momentos, furtivo e silencioso, o negócio funciona. Aí ele tira o carro e começa uma perseguição Benny Hill com táxis e destruição do xodó como se fosse nada e termina com uma luta idiota (cada um dos carros que perseguia Wick tenta atropelá-lo para que depois seus condutores desçam para enfrentá-lo no mano a mano - TRÊS VEZES SEGUIDAS).

Daí em diante são cenas e mais cenas que, conforme avançam fazem menos e menos sentido com Wick sendo manipulado como um violino, com um plano elaborado que não rende nada e uma enormidade de personagens que vão surgindo sem acrescentar muito ou mesmo para alguns, qualquer coisa para a história.

Ao chegar ao final o que temos? Apenas um gancho para que a história continue num próximo capítulo (algo tão sem vergonha que podia inclusive terminar com aquele tradicional 'continua' que era praxe em seriados com a tela escura e as letras em branco no centro da tela. Ou aquele final tradicional de James Bond (Bond retornará em ...), e com o simples fato que nomearam o filme como 'capítulo 2' já deixa claro e translucido que eles QUEREM uma continuação e talvez duas, dez ou saiba-lha quantas sejam possíveis!

O pior é que, durante o filme ouvimos tantas e tantas histórias sobre como Wick é fodão e mata todo mundo e conseguiu fazer proezas incríveis em sua vida que fica no mínimo confuso do porque não estamos acompanhando alguma DESSAS histórias... E até esse é um dos pontos negativos da escolha desse roteiro. Um capítulo prévio aos eventos do primeiro filme (uma prequela) seria muito mais interessante ao que vejo... Ou uma história diferente em que Wick realmente mostre porque é fodão como, sei lá, o primeiro filme!

Nem tudo é absurdamente ruim, afinal vários dos personagens são interessantes (principalmente a assassina muda que eu achei incrível) e algumas das cenas de luta mais pra metade final são bem interessantes, mas acho bem pouco pra salvar o filme.
Não consigo recomendar, principalmente quando é tão mais fácil assistir de novo o primeiro (acho que já vi umas três vezes no Netflix). Posso estar exagerando, mas é tudo que uma continuação pode fazer de errado...

Nota: 4,5/10

6 de junho de 2017

{Resenha} Mulher Maravilha (2017)

Nota: 9,2
Não querendo chover no molhado... UAU!

É o melhor filme de super heróis que eu assisto há um bom tempo capturando o que há melhor dos filmes de Richard Donner (e há muito naquele ar simplista e pueril que Christopher Reeve empregava como ninguém, mas Gal Gadot consegue se inspirar bastante) abraçando o cinismo tradicional do universo Marvel (quase que todo representado no otimamente cínico Steve Trevor de Chris Pine) assim como um clima mais intimista e próximo da realidade que Christopher Nolan evocou com seu Batman (aqui no cenário da Primeira Guerra Mundial, mostrando campos de batalha e cidades devastadas e desoladas)... E isso eu ainda nem falei do excelente roteiro, dos atores, da trilha sonora...

É o filme que eu queria ver há um bom tempo, e olha que 2017 trouxe ótimos filmes (Logan e Lego Batman são dois imperdíveis), e por mais que eu possa tentar discorrer sobre o filme, é o talento de Patty Jenkins com toda a certeza o maior destaque.

Não só por conseguir extrair o melhor de cada ator em seu papel, sabendo delinear o melhor ator para o melhor papel e extrair de cada um deles (e delas) o melhor e o máximo de maneira que, mesmo personagens terciários e marginais na história tenham personalidade e caráter, e digo isso pelo talento de fazer isso sem apelar para a base de fãs (como com Etta Candy e outros personagens que somente leitores assíduos da Mulher Maravilha possivelmente conheceriam).
Veja o vilão do ótimo Danny Huston (que também é o vilão no excelente 30 Dias de Noite)  por exemplo, ou o herói do excelente Ewen Bremmer (sim, o Spud de Trainspotting) ou Robin Wright como a mentora Antiope... Bem eu poderia seguir nisso por um bom tempo.

E acho que o ponto de otimismo - que, bem, é o que faz a diferença sobre super heróis (e é esse o motivo que nos faz querer que eles vençam e continuem a lutar quando todo mundo mais já desistiu) e que vem faltando em filmes de heróis ultimamente... Sei que parece pueril como quando o Superman volta o tempo e salva Lois, mas, bem, é uma mensagem que vale pra mim (bem mais que o Professor Xavier surtando e matando todos os X-men, por mais que eu goste do filme...).
Quer dizer... Em dado momento do filme, eu sei que parece absurdo, mas a Diana de Gal Gadot... Sorri! É, absurdo, não?

Otimismo anda tão em falta ultimamente que qualquer vale a pena.

Não vou dizer que o filme é perfeito, afinal no terceiro ato existe um exagero de efeitos especiais (principalmente na batalha com Ares) e não combina 100% com o que está acontecendo, e, algo que realmente me incomoda nos filmes modernos é o excesso de cenas em câmera lenta e matrixing/bullet time (nesse caso bem literalmente afinal são as balas indo devagarinho para que vejamos o que Diana fará para repeli-las ou salvar alguém).

Adorei o filme, quero muito uma continuação (e espero que se situe no passado também para fazer mais sentido na explicação da história da personagem), uma trilogia e seja mais o que contanto que o estúdio saiba que a diretora Patty Jenkins sabe o que está fazendo.

5 de junho de 2017

{Editorial de segunda} Voltando à programação normal

Bem, semana passada foi uma coisa que aconteceu, não é?
Estava tudo planejado e pronto para ser executado e vem o mundo e muda nossos planos... E não, não estou falando do Pato Donald fugindo do tratado de Paris...

Faleceu uma tia e, bem, é algo kafkaesco que renderia uma novela/seriado com facilidade, e a semana foi, no mínimo confusa com as atualizações desencontradas sobre o assunto e o suspense contínuo sobre o que esperar e o que estava por acontecer.

Resultado? Fiquei boa uma semana inteiro apreensivo sem conseguir fazer absolutamente nada do que precisava.

Essa semana para tentar recuperar o tempo perdido eu voltarei ao cronograma.
Um abraço a todos e obrigado pela compreensão (e atenção).