Nota: 9,5/10 |
Primeiro livro da trilogia "As areias do imperador"
344 páginas, Cia das Letras.
Escrito pelo autor moçambiquense Mia Couto em 2015 - com a segunda parte (Sombras da água) lançada agora em outubro de 2016 - narrando os eventos do final do século XIX numa região dominada por Portugal no que era o segundo maior império africano na época.
"Que os portugueses tinham os angolas porque eram negros arrancados à terra, sem família, sem regresso. Os VaNguni tinham agora os seus angolas que eram os VaNdaus. Trouxeram-nos à força nesta viagem para o sul porque as suas tropas em Gaza não ofereciam garantias de lealdade. E essas tropas, as velhas e as novas, interrogavam-se se valia a pena sacrificar-se por um rei que os martirizava. Por isso desertavam, mortos de fome e de sede".
"Que os portugueses tinham os angolas porque eram negros arrancados à terra, sem família, sem regresso. Os VaNguni tinham agora os seus angolas que eram os VaNdaus. Trouxeram-nos à força nesta viagem para o sul porque as suas tropas em Gaza não ofereciam garantias de lealdade. E essas tropas, as velhas e as novas, interrogavam-se se valia a pena sacrificar-se por um rei que os martirizava. Por isso desertavam, mortos de fome e de sede".
Couto é um nome a ser reverenciado e sem dúvidas é o maior expoente da literatura em português atualmente (sem qualquer desmerecimento ao falecido José Saramago, diga-se de passagem), ainda que tenha um bocado de influência e ideias comuns às obras dele.
Passeando na fina linha do que constitui a ficção histórica, relatando gradualmente a transição dos eventos e construção dos personagens... Ainda que seja apenas a primeira parte de uma trilogia, é algo bem diferente da estrutura hollywoodiana que depende de um enorme gancho e de tentativas forçadas para aumentar a vida útil de uma história (ao transformá-la em franquia).
Bastante ansioso para saber onde a história vai a partir daqui.
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