Nota 9,0/10 |
Batman: Mad love (and other stories)
(Roteiros: Bruce Timm e Paul Dini, Arte: Bruce Timm (et al), DC Comics, 206 páginas. (Re)Publicado em 8 de janeiro de 2013).
Paul Dini e Bruce Timm são gênios e responsáveis por algumas das maiores obras primas dos desenhos animados dos últimos vinte/trinta anos (Batman: The Animated Series e na seqüência o igualmente bom Superman e Liga da Justiça) e transportam com igual competência seu estilo para as páginas dessa que, facilmente, é uma das melhores histórias da Arlequina já escritas.
Ainda que isso não signifique exatamente muita coisa (afinal, a personagem surgiu justamente para a supracitada série animada em 1992), mas o fato de sua grande popularidade em tão pouco tempo com certeza tem como motivo essa fantástica dupla trabalhando brilhantemente na criação e concepção da personagem.
Aqui ela ganha espaço para ser mais que a parceira de crime do Coringa, e com o destaque para sua personalidade e desenvolvimento, vemos inclusive mais de que apenas uma vilã do Batman. Ela é a protagonista da história, são suas as motivações que destrincham os eventos e a forma como é conduzido (com humor e um tom mais caricato - que nos permite maior flexibilidade para algumas das cenas violentas, por se assemelhar a um desenho animado - mas com a maestria nos roteiros que permite trilhar uma história inteligente e adulta). Os trocadilhos tolos com um duplo sentido sexual permeiam boa parte das falas de Harley, mas o tom cartunesco dá um clima inocente para suas palavras.
Há esse charme pueril que torna tudo mais simples e nos permite concordar com planos mirabolantes envolvendo tanques com piranhas ou coisas do tipo. Meu grande problema com essa história, MESMO com o tom cartunesco, MESMO com o contexto e as próprias histórias, ainda é difícil passar batido a cena de abuso doméstico em que o Coringa espanca a Arlequina...
De novo, cartunesco, a relação dos dois é de constante abuso verbal (o Coringa não respeita a Arlequina, que iludida vê no seu 'pudim' um gênio incompreendido que a ama incondicionalmente) e eles tem inclusive um que dos folclóricos da disfuncional relação de Judy e Punch, mas digo sem dúvidas que passaria sem a cena em questão e todo mundo entenderia do mesmo jeito.
Os extras (afinal, ninguém compra esse encadernado pelas 'outras histórias' que o próprio encadernado faz questão de deixar em segundo plano) pouco ou nada acrescentam mas não comprometem, e são, na medida do possível um bom entretenimento. São curtas, sem desenvolvimento ou a possibilidade de envolvimento justamente por sua brevidade, mas tem um trabalho bacana de bastidores com as entrevistas de Paul Dini e Bruce Timm explicando como chegaram a essa história.
Material de primeira, por dois dos caras que mais entendem de Batman e seu universo da atualidade.
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