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6 de dezembro de 2013

Grandes Clássicos dos quadrinhos: The Walking Dead


Completando dez anos agora em 2013, a série perdeu um pouco do vigor, é verdade, mas ainda é uma leitura muito interessante com reflexões sempre pertinentes sobre a nossa sociedade moderna - e o que significam os luxos e privilégios que desprezamos. Robert Kirkman brilhantemente tece uma longa trama sobre essa sociedade que chegou ao fim, e que, mesmo depois de qualquer vestígio de esperança.
E os mortos-vivos são apenas um pequeno empecilho diante dos verdadeiros monstros e dilemas.

Apesar de ser encontrada na ala de 'horror' (inclusive vem marcado na lateral de cada encadernado), e do tema de zumbis, a série mensal The Walking Dead desde o começo caminha nos rumos de um drama, dos contextos de relacionamentos interpessoais e o que representam as pessoas umas para as outras.
O apocalipse zumbi é só um cenário...

E existem muitas questões a serem discutidas... Segurança, o real valor das coisas (do tempo, das relações humanas e do dinheiro), a função do homem na sociedade (e da questão de emprego e trabalho), e a mais perturbadora de todas as questões: O que define um ser humano num momento de crise?

Pânico? Medo? Senso de sobrevivência - inclusive genética?
Sobra algum espaço para a bondade... Ou justiça?

Há um dinamismo bastante diferente na tentativa de trabalhar em 22 páginas algo que prenda o leitor (até o próximo mês) ao mesmo tempo que conduza uma narrativa maior, que se prolongue pelas seis edições (que completam o arco) e, em alguns casos se expanda de forma de melhor explorar as nuances deste terrível mundo novo que possui pessoas assim.

Eu poderia gastar páginas falando de momentos marcantes (a filosófica realização da natureza dos eventos ao final do volume 4, a brilhante virada de mesa ao final do volume 11 - só duas palavras: "Carne estragada" - o surgimento e queda do Governador - e agora de Negan)... Mas acho que vale mais a pena trilhar esse caminho sem saber exatamente o que esperar, além de uma história muito bem escrita, e personagens brilhantemente desenvolvidos... Até porque a graça da série está justamente nas surpresas e reviravoltas inesperadas. Como aquele personagem favorito dos leitores levando uma flechada no glóbulo ocular sem qualquer aviso ou cerimônia.

Vale a pena ler, ainda mais agora que é possível encontrar mais de cem edições já disponíveis para se ler numa tacada só - e promoções do Comixology já trouxeram todo o material publicado por menos de cem dólares (ainda melhor quando na época o dólar estava abaixo de dois e cinquenta).

ATUALIZAÇÃO (23/12/2013) --:> E eis que depois de muito tempo eu finalmente fui apresentado a verdadeira noção dos zumbis de The Walking Dead.
Sim, existe uma noção de simbolismo neles inserida, diferente das versões antigas de George Romero ou mesmo Mary Shelley com o monstro de Frankenstein (o morto-vivo original).

Qual o simbolismo, você me pergunta, caro leitor ansioso?
Os zumbis representam os idosos - e o caos e pânico é uma conseqüência de uma sociedade que envelhece cada vez mais - com menores taxas de natalidade, e maiores idades de óbito. Mais que isso: Durante a velhice essa sociedade convive em condições de semi consciência induzida pelo aumento de medicamentos.

Não obstante, você e todos os demais ao seu redor em breve se tornarão um deles.

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