É verdade que é um filme mais cult que cabeçudo (sério, não é como se os temas fossem um puta desafio pra inteligência de qualquer um, como "8 1/2" de Felini ou "O Iluminado" de Kubrick), mas existe uma série de coisas que compõe uma boa narrativa e estrutura cinematográfica neste filme, que o elevam a outro patamar - de arte.
A começar pela fenomenal trilha sonora de Ennio Morricone (um cara que tem um currículo invejável, e produção artística ainda mais), que dizer que estava inspirado na produção de cada música, bem... É pouco.
Desde os créditos iniciais com o som que tende a lembrar o ruído de chacais (sim, o próprio Morricone diz isso nos depoimentos de extras do dvd), numa das mais icônicas músicas dos filmes de Western.
Mas, o que vejo ser o ponto alto da produção está justamente no conflito de identidade dos papéis estabelecidos a cada um dos personagens (O bom, o mau e o feio - il buono, il brutto, il cattivo), que apesar de estabelecidos com clareza tanto nos créditos quanto nas apresentações individuais de Clint Eastwood (repetindo o papel do homem sem nome, chamado aqui apenas de blondie - loirinho - que é o bom), Lee Van Cleef (impecável como Sentenza ou Angel Eyes e é o mau) e Eli Wallach (o fantástico Tuco, que é o 'Feio')... Mas no roteiro e nas atuações, essa divisão vai intercalando e se mesclando.
Ao momento final da mais icônica cena de conflito de western - o impasse mexicano com os três armados e apontando suas armas um contra os outros dois - fica mais dúbio que em momento qualquer do filme que a natureza destes personagens pode ser muitas coisas, mas sem dúvida alguma não tem nada de virtuosa...
E nisso há um retrato da alma e natureza humana, que se demonstra nos trabalhos de Sergio Leone pelo fascínio da conquista do Oeste norte-americano, com uma representação através da aridez dos desertos, e das reações e ações dos personagens.
Um tema que se repete em outras obras, abordando facetas diferentes, talvez até numa proximidade com os pecados capitais (aqui a questão da ganância, enquanto em "Por um punhado de dólares a mais", aborda a vingança, e "Era uma vez no Oeste" - com a musa de Felini, Claudia Cardinale - sobre a questão da luxúria).
Uma coisa, porém, é certa: Você caro amigo nunca ficará tão fodão com um poncho quanto o senhor Eastwood (nossa que comentário fashion week...)
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