Em 1982, Alan Moore (se eu não disse antes, o maior escritor da atualidade, e não é apenas de histórias em quadrinhos), reiniciou pela minúscula editora Eclipse a série do personagem "criado" por Mick Anglo.
Aspas valem bastante, porque de criação o personagem tem muito pouco... Ele, que surge em 1954 tem basicamente os mesmos poderes e coadjuvantes (como parceiros mirins que usam sua mesma fonte de poder - ao gritar seu nome) que o Capitão Marvel (ou SHAZAM) da Fawcett, com primeira publicação em 1940.
As diferenças são bem poucas - que consistem em fazer do personagem uma versão adulta e britânica do personagem da Fawcett, e o 'adulta' se deve ao fato da identidade secreta do Capitão Marvel ser uma criança, enquanto a de Miracleman ser Micky Moran, um jornalista na casa dos trinta.
Moran, ao gritar KIMOTA (ou Atomik ao contrário) recebe os poderes nucleares do Miracleman após encontrar-se com um astrofísico, e concedendo parte dos poderes a dois jovens (o Young Miracleman e o Kid Miracleman) ao proferirem o nome do herói.
Como eu disse, muito próximo da versão americana da Fawcett (troque 'astrofísico' por 'mago', KIMOTA por SHAZAM e Young Miracleman e Kid Miracleman por Mary Marvel e Capitão Marvel Jr, e é exatamente a mesma coisa)...
Até Alan Moore iniciar o Renascimento (Rebirth, título da primeira edição publicada pela Eclipse) que traz de fato uma versão adulta com uma longa e complexa analise sobre física, metafísica, vida inteligente fora do planeta Terra e super heróis (em apenas 16 edições).
É um começo deprimente, uma história pé no chão de um perdedor, gordo e casado, com pesadelos sobre uma vida que nunca aconteceu (as histórias antigas do personagem) sofrendo de enxaquecas, é onde encontramos Micky Moran, e, edição após edição seguindo seus passos como um super herói em um mundo menos colorido que as tradicionais histórias em quadrinhos (incluindo o extermínio de toda a população da Inglaterra na edição 15 quando finalmente dois seres de infundado poder se chocam - curiosamente parecido com o final de O Homem de Aço de 2013, não acham?).
A premissa de um herói realista - que viria a render a fantástica maxi-série Watchmen, na parceria de Moore com David Gibbons - é o que propulsiona o roteiro, que impacta cada uma das cenas chocantes, e encaminha para um bizarro final com toda a faceta psicológica que somente Alan Moore poderia imaginar, mesmo emprestando um pouco que Jorge Luis Borges (seria a realidade apenas um sonho do moribundo Micky Moran, cuja mente faz crer que recebeu poderes de sua exposição à radiação?).
Com o anúncio de que a editora Marvel Comics republique em 2014 o material, me parece bastante oportuno começar a falar desde já, e ir criando alguma expectativa, não?
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