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21 de novembro de 2013

A trilogia dos sabores de Cornetto - O morango

Dividindo em três partes - uma para cada filme - começando pelo último . Porque? Foi o último que eu vi, e é mais fácil de achar para alugar ou mesmo em PPV em alguns lugares, e porque apesar de comporem uma 'trilogia', nenhum dos filmes realmente se intercala ou segue uma única e mesma linha narrativa.

O que define a 'continuidade' é basicamente a presença dos mesmos atores e uma sucessão de episódios, temas, cenas e situações que se cruzam entre cada um dos filmes... Mas assistir não existe uma ordem ou necessidade por assistir todos os três "Todo mundo Quase Morto" (Shaun of the Dead), "Chumbo Grosso" (Hot Fuzz) e "O Fim do Mundo" (World's End), ainda que eu recomende assistir a todos - e se possível numa tacada só.

Por último, com o calor infernal que anda fazendo, o que melhor para começar uma longa análise que um happy hour - que se converte num pub crawl (ou maratona de bares, que eu só ouvi uma vez na vida ser chamado assim, mas enfim...) de uma épica noite etílica onde o maior pecado é permanecer sóbrio?

A história de World's End gira em torno de um grupo de amigos - e principalmente o líder do grupo, Gary King (Simon Pegg) - que anos mais tarde resolve voltar para sua cidade natal e completar algo que, anos atrás, quando se graduaram no colégio, deixaram incompleto: A maratona em uma única noite pelos 12 bares locais, consumindo uma cerveja (ao menos) em cada um deles.

O ponto, porém, é que Gary percebe, anos mais tarde que aquela noite foi a melhor de sua vida toda, mas o problema nisso é que ele não foi capaz de seguir em frente - enquanto seus amigos passaram por casamentos, empregos em suas (por momentos até monótonas) vidas adultas. E é buscando reviver isso, que ele arrasta seus (antigos) amigos para a cidade onde cresceram.

É importante notar que a metalinguagem é comum, o material que referencia os bastidores e eventos ("O Fim do Mundo" que é, ao mesmo tempo o nome do último bar da crawl, como também uma menção direta ao 'fim' da falada trilogia - inclusive com as menções de 'o fim está próximo, feitas com menção ao nome do bar). E, a 'trilogia' em si é uma questão da parceria cinematográfica entre o trio Nick Frost, Edgar Wright e Simon Pegg, mas eles trabalharam juntos na série Spaced (qualé, você não lembra? Bora assistir: http://macacosdigitando.blogspot.com.br/2013/07/spaced-ou-faca-um-favor-si-mesmo.html
Além disso o trio tentou a sorte desse lado do Atlântico, e fizeram alguns filmes meio questionáveis em Hollywood (o fraquíssimo Paul da dupla Pegg e Frost, e o bem pouco visto Scott Pilgrim vs o Mundo de Wright). Pegg conseguiu um pouco mais de liberdade e notoriedade, e lançou alguns projetos 'solo' como How to lose friends and alienate people ou A fantastic fear of everything - além de participações em filmes como Missão Impossível e Star Trek)... Porque estou explicando isso? Porque tem uma piada com isso no filme (sobre o fato de Pegg ter abandonado o restante da trupe).

Pela metade do filme, porém, eles descobrem uma grande mudança na cidade - cujas pessoas foram substituídas por alienígenas (ou robôs alienígenas que replicam seres humanos... Mas isso não é muito importante). E essa é a grande sacada, o grande mote do filme.
Esse confronto entre o ideal imutável - e a ideia nostálgica de nossas memórias do passado - com a realidade - o mundo que sofreu alterações, e que facilmente é bem diferente do que enxergávamos, e nos lembramos (do quanto eramos legais, ou de que como nossos feitos foram incríveis e inesquecíveis - e na realidade não significaram nada pra ninguém além de nosso grupo).
O conflito de gerações - Gary se encontra com um guri muito mais novo antes de perceber que a cidade fora dominada por alienígenas (ou robôs alienígenas que replicam seres humanos... Mas isso não é muito importante, a menos que a repetição da piada faça dela melhor) - percebendo a... alienação da geração mais nova com relação a sua própria (ainda mais com o gap existente entre ele na casa dos quarenta e um jovem chegando/permeando os vinte).

Num humor tradicionalmente britânico, questionando convenções e todo tipo de padrões existentes e já estabelecidos, o roteiro vai brincando com a ideia de lidar com o crescimento, expectativas e a vida enquanto adultos... E como perdemos as oportunidades de nos divertir - e fazer coisas idiotas sem precisar de justificativas e explicações, afinal, crescer não significa acabar com a diversão!

E nem o fim do mundo...

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