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8 de setembro de 2013

Juro que aconteceu (Não é um bom título, eu sei)

Domingo de manhã, em uma pequena pousada/hotel (estava fazendo um concurso público, pena que não lembro a cidade), e me levanto para o café e o jornal.
Pra mim, café da manhã tem dois momentos: Passado das oito, é comer qualquer coisa pra rumar pra rua, qualquer coisa antes disso é o momento de introspecção para ler o jornal com calma, tomar um café pausadamente enquanto folheio as páginas, leio manchetes e etc.

E se tem algo que aprendi ao beber café de hotel/pousada é que a melhor coisa é sempre pegar um copinho de leite junto (afinal, se o negócio estiver ou muito forte, ou muito fraco, ou muito ruim, o leite disfarça).

Ao terminar um caderno/suplemento, me preparo para dar um bicada no café quando vejo que tem uma pessoa sentada em minha frente, e, tento observar suas feições e não reconhecendo, me pergunto se isso é tradição local ou algo do tipo, tentando agir com toda a mais comum e completa naturalidade... Até porque eu pela manhã não sou uma pessoa capaz de formular frases mais complexas que monossilábicas (e isso vai fazer mais sentido adiante).

_ Vai ficar só lendo seu jornal aí, é? - disse a moça em minha frente, com um tom tão gelado que me fez pensar que o ar condicionado estava ligado. Havia um desprezo que denotava principalmente no 'só' e na indagação final do 'é' (também no ponto de interrogação, mas acho que isso é mais difícil de abstrair).

_ Eu não consigo entender como você fica aí, lendo, sem dizer uma palavra... Não fala um 'bom dia', não fala um 'oi, amor, dormiu bem?'... Sai de fininho da cama como se não fosse nada e...
Sim, ela continuou falando, mas eu confesso que a frase acabou naquele ponto pra mim, que tive de abaixar o jornal, e tentar ao máximo esconder minha expressão de confusão e consternação (enquanto provavelmente virava freneticamente a cabeça e fechava uma pálpebra esboçando minha expressão máxima de 'cara-de-ponto-de-interrogação', que infelizmente nunca foi minha melhor expressão facial). O cérebro começava a funcionar na base do tranco e enquanto fixava atentamente nas feições da mulher procurando reconhecer traços comuns com alguém que eu pudesse de fato conhecer (é, se não ficou ainda claro, eu não sabia quem era aquela pessoa). Sei que esbocei alguma reação em mono e dissílabos "Não... 'Pera... Epa eu...", mas obviamente não ficou nada coerente até algum momento posterior.

_ A nossa relação não vale nada pra você?
Nesse momento ela parou de falar, eu olhei pra mesa (procurando algo que ela pudesse jogar na minha cara), enquanto começava a pingar um pensamento, de que talvez algum amigo teria armado isso pra mim.
Não fazia sentido, mas parecia meio lógico (apesar que ninguém até hoje confirmou ser autor disso até hoje).
Como eu não disse muito mais, ela acabou por sair, pisando duro e sem olhar pra trás, me deixando coçando a cabeça e acabando com o café, pensando se não podia ser que eu estava dormindo ainda...

A resposta, como em tantas coisas na vida, continuo sem saber.

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