Não, eu não fui o espertinho que inventou essa...
Mas eu sinceramente acho triste isso. Triste nível Ronald Reagan usando "Born in the USA" como tema de sua campanha (que inclusive o RE-elegeu em 1984), e pra quem não sabe porque não passou do refrão da música de Springsteen, Born in the USA é uma puta duma música de protesto contra o desemprego, a guerra do Vietnam e mais algumas das temáticas comuns em músicas do Chefe: (...) You end up like a dog that's been beat too much
Till you spend half your life just covering up (...) Nowhere to run ain't got nowhere to go(...)
Só que o triste de ver gente usando uma música de um disco de 1985, sobre uma geração crescida em ares de Ditadura Militar (e justamente apoiando as Diretas Já), o que é uma geração que hoje... Tem cinquenta anos... No mínimo.
E é assustador, e assustador mesmo ver que essa é a última marca de música de protesto no Brasil.
Depois dessa geração de Renato Russo/Cazuza/Raul Seixas, a música de protesto desapareceu como a poliomelite (é, é uma boa analogia: Apesar de esparsos exemplos aqui e acolá, os dois realmente podem ser considerados erradicados no Brasil). Agora falando sério... Quem faz música de protesto no Brasil? Racionais MCs? O Latino?
Até mais assustador que isso é ver como o povo brasileiro NÃO ENTENDE MÚSICA DE PROTESTO, ao ponto de achar que é 'legal' ou 'cool' um samba cantado em inglês sem saber o que realmente significa Mercedez Benz (música de protesto de uma hippie sobre a sociedade de consumo sem uma noção de espiritualidade - achando que deus é a mesma coisa que gênio da lâmpada) ou de Sunday, Bloody Sunday (sobre o assassinato desmedido e cruel de pessoas por intolerâncias - remetendo em seu título ao assassinato de treze católicos por tropas britânicas na Irlanda do Norte, batizado de domingo sangrento... Na verdade só o fato de ser DOMINGO SANGRENTO já deveria dar a impressão que não se é pra sambar e rebolar ao som disso, né?).
E mesmo com esse lixo de samba-coxinha que vem sendo vendido pra quem não gosta nem de samba e nem de rock - e muito menos do peso das palavras de uma música de protesto.
Isso tudo é uma mostra da nossa falta de cultura e de entretenimento.
De que as atuais (e últimas) gerações vem se alimentando de uma pasta insossa e sem conteúdo com as comédias hollywoodianas sem pé-nem-cabeça, com as novelas brasileiras e a música mundial que não agregam coisa alguma à nossa experiência humana.
Se há resposta(s) alguém pergunta?
A resposta quem deu foi Dylan.
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