Sexta feira passada, mais uma vez uma tragédia assombrosa ocorreu nos Estados Unidos: Algum maluco sem motivo, explicação ou justificativa entrou armado em um lugar e distribuiu tiro pra tudo que é lado.
Essa é a versão resumida e que vai te dizer muito mais que qualquer matéria jornalística que procurar.
Até porque jornalismo de verdade, eu não vi nesse caso todo.
Há uma ação carniceira digna de carcarás, sobrevoando o recém caído corpo em busca da guloseima mais suculenta (seja uma foto de uma vítima para estampar a próxima edição do jornal, seja um depoimento de alguém - que diz conhecer vítimas ou o atirador - para ocupar todo o tempo de transmissão do telejornal...), é tudo o que buscam.
Não há solidariedade com as vítimas.
Não há busca por justiça (desde Columbine, quantos desses já aconteceram, e o que de fato mudou? Por Rao, só em 2012 tivemos o do cinema durante a estréia do Cavaleiro das Trevas Ressurge e um há poucas semanas)...
Há só oportunismo.
Oportunismo para falar mal das armas, para falar em desarmamento e... Ignorar questões óbvias, que o Freakonomics (Levitt & Dubner at al) de 2003, que destaca que ocorrem mais mortes por ano em piscinas que por armas de fogo, ou mesmo Tiros em Columbine (Michael Moore) de 2002 que destaca que o Canadá tem mais armas que a América, e muito menos crimes (estatística que, mesmo um documentário que trabalha arduamente para desmentir a faceta de documentário dos filmes de Michael Moore não conseguiu refutar).
O oportunismo de ignorar o quanto a mídia vem manipulando o medo das pessoas para consumir mais, para pagar os impostos em dia, para pagar dízimo e ser um cidadão respeitador da lei... De fechar os olhos para os milhões que Ronaldo ganhou para perder peso (enquanto milhões de brasileiro sequer recebem água tratada em suas residências), ou dos milhões que jogadores receberam por uma conquista de título no Japão enquanto nosso combustível fica mais caro para o(s) feriado(s) de fim de ano.
E essa manipulação - muito propositada, diga-se de passagem - tem ainda o revés de ignorar os sintomas mais terríveis de nossa vidinha suburbana: A ignorância da violência.
(Ou a violência da ignorância).
Procuramos causas para as centenas/milhares de mortes todos os anos.
Armas, veículos, drogas, bebida, jogos de videogame violentos... Mas ignoramos a imagem maior.
A imagem da falta de educação no trânsito - que vem da falta de educação dos motoristas.
Da falta de educação no ambiente escolar.
De falta de educação no local de trabalho.
O jeitinho brasileiro de não respeitar uma lei a menos que ela possibilite multa... Há, respeitar sinal amarelo quando não tem câmera de trânsito (fodam-se os pedestres!) De não se importar com as pessoas que chegaram antes - pois brasileiro que é brasileiro usa o jeitinho pra furar fila, afinal não é um otário...
Tornando assim a cordialidade item tão raro...
Sim, meus queridos leitores: A culpa é nossa.
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