Durante muitos anos - e com muitas pessoas diferentes, em ocasiões diferentes, em contextos diferentes - um dilema parecia surgir acerca de questões fundamentais da natureza humana, no que tange a classificação etária de produtos de entretenimento e, o que em alguns casos - e debates acalorados - acaba sendo cotado como censura.
Eu confesso que sempre foi um debate que me interessou, mas que sempre teve uma grande dificuldade para tecer exemplos factíveis. Claro, claro, 'O pequeno príncipe' (de Antoine Saint-Exupéry) apesar de ser vendido e conhecido como filme infantil é mais maduro que qualquer livro do Paulo Coelho... E qualquer filme pornô - que é considerado adulto devido a seu teor, nudez e cenas explícitas - mas que possui normal e notavelmente um conteúdo menos cabeça que texto de parede de banheiro público.
Mas faltava AQUELE exemplo, sabe? Que trata do exato mesmo assunto, de formas diferentes - uma adulta e outra madura - e fosse claro e demonstrável pra qualquer um.
E eu procurei... Ah, eu procurei! Livros, filmes, seriados...
Dias e noites e dias e noites...
E graças ao cinema brasileiro - e por favor, eu não tenho nada contra o cinema brasileiro, as poltronas são muito boas e confortáveis... Os filmes, por outro lado - eis que surge, "Paraísos Artificiais".
O filme é ruim (maçante, cansativo, fraco...), mas até aí não há nenhuma surpresa. O que acontece é que ele é raso como um pires, e tenta construir alguma força num tipo de choque em explicitamente mostrar orgias de drogas e... Bem, nenhum conteúdo, zero de empatia com os personagens (ou entre eles), e, eu até admito que num espectro mais otimista, era exatamente a intenção do diretor para expor as vidas vazias daqueles envolvidos (só falta o talento pra traduzir isso).
Sim, "Alice no país da Maravilhas", aquele desenho 'inofensivo' da Disney de 1951 retrata uma bad trip de drogas (em uma orgia de drogas, se você preferir) com lagartas que fumam ópio, mesas de LSD e diversos momentos com cogumelos e outras tantas substâncias psicoativas.
E é um filme infantil. Com todo o teor e substância da palavra - até com a lição do nunca confiar em estranhos e tudo mais. Um conteúdo maduro, retratado de forma acessível.
O que falta dizer? Ah, sim, que uma animação de 1951 da Disney consegue ser mais atual e contundente que um filme brasileiro de 2012 sobre o mesmo assunto...
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