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14 de julho de 2012

O mau humor - parte 1 (de muitas)

Cliente: "Eu preciso de ajuda"
Eu: "Aperte o F1".
...
Cliente (constrangida) "Mas estamos no telefone"
Eu (procurando desesperadamente por café): "Esta é uma mensagem gravada, aguarde por um de nossos atendentes. Sua ligação é muito importante para nós". O mais difícil foi imitar a musiquinha...
*
Operadora de telemarketing: Bom dia, o senhor gostaria de assinar a nossa revista?
Eu: Não (desligo o telefone).
...
Operadora de telemarketing: Bom dia, eu estou procurando o senhor Tiago, ele se encontra?
Eu: Olha, eu também estou procurando esse filho da puta, faz uns três meses inclusive. Se a senhora achar, faz o favor e fala pra ele ligar nesse número (desligo o telefone).
...
Operadora de telemarketing: Bom dia, o senhor ganhou um curso grátis em nossa escola.
Eu (super-empolgado): VERDADE?!? Nossa... Eu... Você aguarda um pouquinho que eu vou contar pra minha família? (deixo o telefone fora do gancho, procuro um post-it e escrevo: "Por favor não desligue até eu voltar", e saio calma e tranquilamente para meu curso de inglês. Volto uma hora e meia depois, pra encontrar o telefone ainda fora do gancho).
Operadora de telemarketing: Senhor? Senhor?
(Desligo, com um sorriso nos lábios).
*
Testemunha de Jeová (num domingo, sete da manhã): Bom dia, senhor, você tem um minuto?
Eu (com os olhos fechados, com cara de ressaca e nenhuma vontade de conversar): Por acaso é um desafio pra ver se eu seguro o vômito todo esse tempo? Eu devo avisar que estou de ressaca e acabei de tomar uma água-tônica...
*
Pra finalizar.
Cenário: Numa livraria, sentado numa poltrona - depois de comprar dois livros e uma revista em quadrinhos, estou eu sentado, cuidando da minha própria vida, lendo a revista em quadrinhos, enquanto espero um pessoal para tomar uma cerveja.
Uma senhora com um filho pequeno se aproxima, e me pergunta "Nossa, como um homem desse tamanho ainda lê gibizinho?".
Em outras ocasiões eu simplesmente ignoro esse tipo de babaquice. Não foi o caso.
Fico olhando por um instante para o ar, sondando todas as respostas possíveis de serem utilizadas. Excluo o máximo de respostas passivo-agressivas ("por acaso estou te devendo dinheiro?" ou mesmo com um pouco mais de sofisticação "quando foi que a polícia da literatura se instaurou aqui?").
Com toda a educação "Sei que é pouco em um país que luta tão arduamente contra o analfabetismo, mas acho uma prática eficiente para o fomento do hábito literário. Acredito que a senhora leia muitos livros, não?".
Ela faz uma expressão constrangida, e com certa grosseria responde "Não, eu trabalho muito e tenho filhos que toma muito do meu tempo".
(Certo, porque eu sou um desocupado e ladrão, e mais que isso devesse satisfação à senhora, né?).
"E quem morreu no episódio de ontem da novela...?".
Ela começa a formar um "Ning..." quando pára, subitamente com o que tinha por dizer, e me olha com a expressão mais clara de 'filho-da-puta' que alguém poderia conceber (e eu sei bem, pois já a fiz diversas vezes).
Simplesmente ignoro a presença da mulher e volto a olhar para minha revista, com uma expressão vaga e descompromissada, enquanto meu coração se aquece de alegria.

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