Essa não é uma história antiga, mas, é bem provável que muita gente não a entendeu direito - se é que entendeu alguma coisa.
O Uber foi fundado em 2009 (pouco mais de dez anos atrás) e levou uns bons cinco anos pra chegar ao Brasil em 2014 (sim, o mesmo ano da Copa dos 7 x 1), o que hoje dá uns seis anos.
Hoje, basicamente, todo mundo conhece a empresa e o serviço por ela prestado, e, o termo inclusive virou um verbo na condição de 'uberizar' uma área ou serviço, como fizeram com o setor de restaurantes com o 'ifood' ou de hotelaria com a airbnb.
Certo, mas porque isso é importante?
Veja, o setor de transporte é um dos setores mais escrotos da economia como um todo, e surge da necessidade de locomoção, e isso nem é algo novo, já está ali desde a antiguidade com rotas comerciais, expansão do Império Romano e basicamente desde a ideia mais básica da cidade como organização social.
O que muda, principalmente após a Revolução Industrial, é a necessidade de maior velocidade nesse processo. Sim, uma carruagem pode te levar (e suas malas ou compras) do mesmo jeito que um carro, mas o tempo em cada condição é bem diferente.
E é justamente nisso que vemos a proliferação do automóvel e a transformação da ideia do transporte. Não é mais possível imaginar a condição de uma viagem de dias para cobrir 200 km. Não, não, nós precisamos de maior rapidez e agilidade. Mas não somente isso.
Enquanto num primeiro momento a velocidade de um trem, bonde ou trem era plenamente suficiente para atender nossa demanda por velocidade, um novo fator entrou em ação: A demanda por conforto (ou praticidade).
Sim, você pode usar um trem para ir de Santos a São Paulo e leva poucas horas nesse transporte, mas e se você pudesse ir em um veículo próprio e escolher sua rota, ir no seu ritmo, velocidade e demanda?
Os automóveis que, por algum tempo foram luxos somente reservados a ricos e milionários, com o tempo se popularizaram e chegaram a cada vez mais e mais pessoas - enquanto as cidades continuavam em suas estruturas de séculos XVIII (ou antes), e, obviamente não estavam preparadas para a crescente frota veicular. A dinâmica do transporte mudou substancialmente - de algumas carroças e muitos cavalos passamos a dezenas de veículos automotores, e então centenas, e milhares, milhões - e isso tudo sem a mudança das convenções estruturais da cidade (as mesmas ruas, as mesmas vielas, os mesmos prédios). Ou seja, uma receita perfeita para o caos.
Então revisando: Necessidade, velocidade e conforto ou praticidade são os fatores que moldaram o transporte (de uma maneira beeeeem resumida e pulando uma série de etapas para não escrever um texto extremamente longo e desnecessário).
Onde entra o táxi e posteriormente o uber nessa história? Bem, o táxi entra na terceira etapa (do conforto/praticidade), ainda que isso já fizesse parte da cultura com as carroças e carruagens sendo utilizadas no transporte de carga e passageiros só que adaptado para a realidade automotiva e o contexto veicular como um todo substituindo as carroças/carruagens.
Ainda assim, esse contexto veicular começa a se moldar e adaptar à realidade do transporte.
Uma vez que os carros vão se popularizando, regras e regulamentos são implementados para coibir um crescimento exponencial que simplesmente torne o serviço desnecessário (o controle do número de táxis habilitados através da chamada "medalha" ou "tarja" ou regras e exigências como a do conhecimento de ruas e rotas para se habilitar taxista em Londres).
Basicamente, surge um mercado e ele passa a atuar dentro de regulações internas e externas para garantir sua operacionalização.
No entanto, os trabalhadores do segmento, que não tinham mania de fazer faculdade, foram delegando a perspectiva inovadora e competitiva, apenas perpetuando uma estrutura negocial como se ela fosse se sustentar e manter ad infinitum sem alterações, seja por estarem alheios as tendências do mercado, seja por simplesmente não terem condições para se atualizarem ou simplesmente por viverem em uma rotina completamente diferente e cansativa acreditando que isso seria suficiente (como, bem, é uma das grandes ilusões vendidas de que o trabalho duro basta para garantir renda e sustento).
E aí entra um aplicativo disruptor apresentando uma enorme mudança para a estrutura que estes profissionais do segmento de transporte estavam acostumados.
Agora não precisa mais de medalha, tarja ou conhecimento. Agora só precisa ter um carro, uma carteira de habilitação válida e um celular e é isso. Se tiver um GPS ajuda bastante.
Só que tem um detalhesinho bem importante que está lá no primeiro parágrafo, se bem que vale para praticamente todo o restante do texto... Porque não foi um taxista que pensou na inovação necessária para mudar totalmente esse mercado?
E, o detalhe do começo do texto, como é que os taxistas brasileiros no intervalo de quase cinco anos entre o lançamento nos EUA e a chegada do aplicativo no Brasil não conseguiram bolar algo próprio para competir com a empresa americana...? Sério, nem é algo que precisava de tanto esforço, talento ou tecnologia para desenvolver considerando que era só usar a mão de obra das cooperativas e passar isso na forma de um aplicativo...
A resposta, que não é exatamente difícil de imaginar, está ligada tanto a falta de mania de fazer faculdade como a uma das forças mais poderosas do universo: A inércia.
É muito mais fácil ficar parado e esperando que a onda chegue até você (para depois reclamar que nunca foi avisado que havia uma onda em sua direção). Acreditar que o cenário atual será esse perpetuamente sem se preparar para uma alternativa diferente, sem antever ou buscar formas de crescer e prosperar num cenário diferente.
É o que hoje acontece com os comerciantes e dezenas de outros empresários brasileiros frustrados com seus comércios de portas fechadas devido a pandemia. Eles que em outros momentos são tão brilhantes e inovadores em formas de burlar o fisco e sonegar impostos não parecem capazes de criar estruturas para trabalho por home office, para vender através de sites, whatsapp ou basicamente qualquer outro mecanismo inovador para adaptar-se ao cenário atual e aproveitar para conseguir opções de venda remota...
Não, é mais fácil fazer carreata exigindo a reabertura do comércio que de fato pensar de maneira inovadora...
Onde entra o táxi e posteriormente o uber nessa história? Bem, o táxi entra na terceira etapa (do conforto/praticidade), ainda que isso já fizesse parte da cultura com as carroças e carruagens sendo utilizadas no transporte de carga e passageiros só que adaptado para a realidade automotiva e o contexto veicular como um todo substituindo as carroças/carruagens.
Ainda assim, esse contexto veicular começa a se moldar e adaptar à realidade do transporte.
Uma vez que os carros vão se popularizando, regras e regulamentos são implementados para coibir um crescimento exponencial que simplesmente torne o serviço desnecessário (o controle do número de táxis habilitados através da chamada "medalha" ou "tarja" ou regras e exigências como a do conhecimento de ruas e rotas para se habilitar taxista em Londres).
Basicamente, surge um mercado e ele passa a atuar dentro de regulações internas e externas para garantir sua operacionalização.
No entanto, os trabalhadores do segmento, que não tinham mania de fazer faculdade, foram delegando a perspectiva inovadora e competitiva, apenas perpetuando uma estrutura negocial como se ela fosse se sustentar e manter ad infinitum sem alterações, seja por estarem alheios as tendências do mercado, seja por simplesmente não terem condições para se atualizarem ou simplesmente por viverem em uma rotina completamente diferente e cansativa acreditando que isso seria suficiente (como, bem, é uma das grandes ilusões vendidas de que o trabalho duro basta para garantir renda e sustento).
E aí entra um aplicativo disruptor apresentando uma enorme mudança para a estrutura que estes profissionais do segmento de transporte estavam acostumados.
Agora não precisa mais de medalha, tarja ou conhecimento. Agora só precisa ter um carro, uma carteira de habilitação válida e um celular e é isso. Se tiver um GPS ajuda bastante.
Só que tem um detalhesinho bem importante que está lá no primeiro parágrafo, se bem que vale para praticamente todo o restante do texto... Porque não foi um taxista que pensou na inovação necessária para mudar totalmente esse mercado?
E, o detalhe do começo do texto, como é que os taxistas brasileiros no intervalo de quase cinco anos entre o lançamento nos EUA e a chegada do aplicativo no Brasil não conseguiram bolar algo próprio para competir com a empresa americana...? Sério, nem é algo que precisava de tanto esforço, talento ou tecnologia para desenvolver considerando que era só usar a mão de obra das cooperativas e passar isso na forma de um aplicativo...
A resposta, que não é exatamente difícil de imaginar, está ligada tanto a falta de mania de fazer faculdade como a uma das forças mais poderosas do universo: A inércia.
É muito mais fácil ficar parado e esperando que a onda chegue até você (para depois reclamar que nunca foi avisado que havia uma onda em sua direção). Acreditar que o cenário atual será esse perpetuamente sem se preparar para uma alternativa diferente, sem antever ou buscar formas de crescer e prosperar num cenário diferente.
É o que hoje acontece com os comerciantes e dezenas de outros empresários brasileiros frustrados com seus comércios de portas fechadas devido a pandemia. Eles que em outros momentos são tão brilhantes e inovadores em formas de burlar o fisco e sonegar impostos não parecem capazes de criar estruturas para trabalho por home office, para vender através de sites, whatsapp ou basicamente qualquer outro mecanismo inovador para adaptar-se ao cenário atual e aproveitar para conseguir opções de venda remota...
Não, é mais fácil fazer carreata exigindo a reabertura do comércio que de fato pensar de maneira inovadora...
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