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22 de fevereiro de 2015

{EDITORIAL} Minha vida com dengue

Semana passada eu comecei a sentir febres, dores no corpo e prolongada canseira.
A garganta também queimava (assim como o nariz bastante entupido), o que me fez crer ser, mais uma vez uma gripe ou resfriado que me atormentam por boa parte do ano graças a rinite.
Não foi.
Quer dizer, a rinite estava ali atacando o sistema respiratório, mas o resto do corpo foi atacado pela dengue mesmo.

E ta-da, duas semanas infernais (incluindo o carnaval) sem fome, com muita ânsia de vômito quando comia qualquer coisa, mas o pior é a maldita coceira que ataca do nada e não parece dar qualquer sinal de que vá embora. Na verdade o pior mesmo é o atendimento dos profissionais da saúde (que ressuscitaram meu pai, fizeram o favor de errar minha veia duas vezes - ainda estou com um roxo horrível no braço por isso - e eu não me conformo mesmo com uma barata horrorosa no posto de saúde que tive de buscar minha guia para o exame de sangue, enquanto quatro funcionários batiam papo na maior tranquilidade), mas não é exatamente um território além da terra dos clichês aqui, não é mesmo?

A dengue é uma das doenças transmitida por um pernilongo chamado Aedes Aegypti, o mesmo que transmite a malária, febre amarela e a febre chikungunya e, como as outras existe graças a condições precárias de saneamento que propiciam a proliferação do bichinho. Ele, que adora o clima tropical, e com esse calor e umidade, está no paraíso. E uma vez que precisa do sangue para irrigar os ovários - que produzem até 200 ovos por ninhada - o propósito biológico falará mais alto.

Como as outras doenças, não existe um tratamento farmacêutico adequado - o motivo o mesmo, uma vez que são doenças relacionadas a condições precárias de saneamento, a indústria farmacêutica não vê potencial de lucro com a produção de medicamento, portanto não destina recursos para pesquisa na área (o que exigiria, no mínimo uma boa década e até mais para começar a produzir resultados, ainda que não seja assim tão difícil de isolar os patógenos, e provavelmente até de desenvolver uma vacina).

O problema é que isso abre pretexto pra todo tipo de superstição babaca que se perpetua com a tal da citronela (com suas ridículas pulseiras que causam irritação na pele e outros efeitos colaterais), mesmo que de um ponto de vista menos científico, analisando através da distribuição espacial, novamente não existe todo um desafio no gerenciamento, existe uma demanda constante (tabulação adequada e apropriada de dados para abastecer continuamente um banco de informações coerentes sobre o assunto) e as possibilidades para eliminar a praga de procriar com tamanha ferocidade disseminando tanto caos no Brasil como faz...

Obviamente, como você deve imaginar, ele vai voltar.


Como James Bond, ele sempre volta.

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