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28 de dezembro de 2014

{RESENHEDITORIAL} A crise de criatividade

Assisti na última semana o filme 'Caçada Mortal' (A Walk Among the tombstones) estrelado por Liam Nesson e, apesar de ser um dos poucos filmes de suspense que vi nos cinemas esse ano (verdade seja dita, eu fui umas seis vezes no cinema durante o ano todo).

Como o título do post implica, o filme não estabelece um novo limiar criativo e vai proporcionar um orgasmo nirvânico ao espectador.
Sobram problemas com o filme. Com exceção de Neeson, nenhum ator tem qualquer destaque - ou demonstra que merecia... Roteiro e direção padecem de uma misoginia assustadora (90% das mulheres que aparecem no filme ou são vítimas, futuras vítimas ou estavam a caminho de ser vítimas) e não apenas isso.
A história não tem um desenvolvimento lógico, ou mesmo um ritmo narrativo. As coisas simplesmente acontecem e progridem de maneira incrivelmente artificial.
Neeson encontra um garoto numa biblioteca - que coincidentemente mora em abrigos, não consome produtos industrializados, conhece as manhas das ruas e ainda de lambuja é um perito em computadores (em padrões de Hollywood) - e sem maiores explicações o detetive durão resolve acolher o garoto como seu protegido, e confiar nele como se fosse incrivelmente natural.

Sobram outros problemas com o roteiro nesse quesito de excessos (o tom violento dos criminosos, não só é excessivo - sequestram, torturam, estupram, mutilam e matam ALÉM de exigir dinheiro e torturar psicologicamente a família das vítimas - estabelece um novo patamar para 'excessivo') e coincidências, que, é verdade, o personagem de Neeson destaca que 'sorte' é um atributo necessário aos detetives, mas beira o ridículo durante ocasiões e mais ocasiões no filme (o coveiro?escritor de livros/criador de pombos que mora diante de uma das vítimas - e é cúmplice de um dos crimes!!!)

O triste, na verdade, é que há uma história incrível do filme que não nos é contada.
A história do policial corrupto enchendo a cara logo pela manhã (e que detém três marginais - logo na primeira cena do filme) vai à desgraça por uma de suas balas acertar uma criança. A história de como esse cara vai de policial corrupto para detetive particular (sem licença) e divorciado.
ESSA é uma história que valeria o preço do ingresso. Sem excessos, sem absurdos.
Só um bom roteiro de um sujeito lidando com o que a vida lhe jogou de dificuldades.

No entanto, querendo sair de uma história comum, o filme força uma história cheia de clichês e, bem, fica no lugar comum... É uma trama detetivesca sem imaginação (além das óbvias forçações de barra) e segue algo que vemos e vemos por aí em todas as mídias e franquias, na proliferação de algo que, ainda que seja novo e não faz absolutamente nada de novo.
Não cria nada, não busca nada. É previsível e esquecível.
Como eu disse antes, Neeson é fantástico (como quase sempre), mas esse não é o show de um homem só.

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