Fiz uma lista dos filmes que assisti em 2013 (dia 13) e desde então acabei vendo mais coisas - e lendo e relendo mais coisas.
Lembro que tive uma longa conversa com alguns amigos sobre o longa do Homem de Aço desse ano, sobre todas as coisas que não gostei (de como é frio, estéril e retrata um personagem que não transparece nenhum ideal de justiça, bondade ou simplesmente um sinal de esperança... Ele só parece um militar com um uniforme mais chamativo - e que é capaz de arremessar inimigos pelos céus de Metrópolis). Confesso que nem foi o final que me atormentou (ao que não vou discutir por questão de spoilers pra quem não viu) mas todo o resto.
A cena do furacão que ceifa a vida do pai de Clark é perturbadora, e vai diretamente contra toda a ideia dos pais amorosos e gentis que criam um alienígena a ser generoso e lutar pelo que é justo... Aquilo pra mim expõe uma criatura sem sentimentos a um ponto que quase me faz crer que Lex Luthor estava certo todos esses anos em dizer que o Superman é uma ameaça...
Mas foram dois filmes de 2013 que assisti nessa semana de Natal que realmente me fizeram refletir sobre o que há de errado com as produções, e começar a me perguntar quando foi que essa tendência começou.
O problema não é só o Super Homem que não é mais uma inspiração e um símbolo de esperança.
É o Capitão Kirk espancando um prisioneiro rendido numa cena ridiculamente conduzida - e que nem consegue se encaixar no contexto do filme. Se bem que, pensando bem, o filme tenta mais ser uma adaptação do jogo Mass Effect que de Star Trek (com menos caracterização de personagens ou alienígenas interessantes). A supracitada cena inclusive segue num ritmo com tiros de lasers que me fez lembrar muito mais do jogo - e de todas as ações e estrutura militar que nele estão inserida - e não o grupo de exploradores desbravando os milagres do espaço!
Chega ao ponto do ridículo quando mesmo com todos os efeitos especiais e a verba para instalações e atores que William Shatner (fora de forma e extremamente canastrão já em 1966) sozinho seja melhor que qualquer ator no cockpit da Enterprise!
Talvez até justamente por isso, pois tudo que o filme tenta é ser esteticamente bonito.
Tem a bela Zoe Saldana como a Tenente Uhura, tem efeitos especiais deslumbrantes... E só!
É um livro de 330 páginas que é dividido em três filmes de 3 horas cheios de efeitos especiais, fundos verdes e diversos efeitos de computadores... Mas nenhuma magia ou senso de fascínio, mesmo que tenham elfos, dragões e outras criaturas místicas (e o filme é longo e tedioso)!
Que tal Neil Blomkamp o mestre do óbvio (que parece ter assistido ao final de "Os Infiltrados" de 2006 e achado a cena do rato um toque de gênio, afinal até aquele momento era pouco evidente quem era de fato o dedo-duro - que sim, era o Matt Damon explicitado desde o começo, mas a cena final precisa reforçar isso com um rato, gíria para alcagueta nos EUA, afinal o público espectador é burro demais para concluir isso sozinho), com seu Elysium (e de novo Matt Damon numa metáfora óbvia, coincidência)?
Claro, claro, não é exclusividade de Scorcese reforçar a obviedade - Bonequinha de Luxo de 1961 tem a fatídica cena do gato abandonado que representa a protagonista, e mesmo Cidadão Kane traz as obviedades sobre impérios midiáticos (mais detalhado aqui).
Mas há uma diferença, uma coisa bem simples chamada sutileza.
A nuance do olhar trise de Hepburn para a deixa de Moon River ao final do filme...
O olhar sarcástico de Welles em cada uma de suas tiradas satíricas...
Até mesmo a expressão desamparada de Christopher Reeve ao ser assaltado numa das primeiras cenas de Superman de 1978 - enquanto completamente reversa quando ele usa o colante azul e sobrevoa a cidade cheio de confiança.
A atuação que traz a vida essas figuras e os torna críveis.
Traz vida aos personagens e não apenas mais algumas cifras às contas bancárias de atores bem pagos demais para suas pífias performances...
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