Depois do post de ontem (14/12), eu comecei e a ver que deveria fazer um post maior e mais detalhado sobre essa fantástica série, e, porque não?
Breaking Bad merece um pouco de análise detalhada - e reanálises... Pelo menos até que tudo que ela produziu for compreendido.
(E acho difícil que tenha)
Pra quem não conhece ou pouco conhece, Breaking Bad é a história de Walter White, um professor de química de ensino médio, que precisa de um segundo emprego para sustentar sua família, na pequena cidade de Albuquerque no Novo México. Ao descobrir o câncer e o quanto isso lhe custaria, é quando o desespero começa a lhe bater, e a vida começa a mudar.
E esse é o grande ponto da série: A visão de perspectivas e concepção de realidade.
Um pesquisador com PhD, indicado ao prêmio Nobel (sugerido no primeiro capítulo) em seu aniversário de 50 anos que precisa de dois empregos (um deles bastante degradante, lavando carros, como subalterno de alguém quase sem escolaridade) somente para manter sua família sem luxos.
Enquanto isso ele vê gente passeando pela vida como se não fosse nada... Advogados de chave de cadeia com carros esportivos e comportamento de como se fossem os reis do mundo, só pra citar uma pequena passagem ainda do começo da série.
Ao ver um antigo - e estúpido - ex-aluno passeando na vida como traficante, Walter começa a ver que talvez exista alguma alternativa mais fácil para sua vida, uma condição que questiona seus paradigmas éticos e morais, mas lhe oferecerá maior conforto que em qualquer momento já viu.
E assim inicia sua jornada na produção de metanfetamina.
Isso é apenas um ponto.
É preciso entender o contexto e personagens.
Por exemplo é preciso entender a extrapolação feita - e necessária - para contextualizar o difícil momento econômico. MESMO com um PhD e indicação ao Nobel, um excepcional químico tem dificuldade de encontrar um emprego com boa remuneração.
Outro ponto, se faz no contraponto do personagem, o agente do DEA (Drug Enforcement Administration - ou a Administração de Combate a Drogas) cunhado Hank, que faz uma jornada levemente contrária a Walt. De certo modo, ambos seguem jornadas de aprimoramento em seus caminhos opostos, mas cada qual inicia de pontos bastante diferentes.
Hank é visto como um super-herói (o 'fodão' agente do DEA prendendo traficantes e mantendo as ruas mais seguras), enquanto Walt é minúsculo, um mísero professor de colegial que precisa de um segundo emprego pra manter uma família de três pessoas. Dessa forma, Hank precisa cair na real para perceber que existem traficantes muito mais perigosos que os borrabotas que prendeu até o momento (e que fizeram sua fama).
Ainda nesse ponto, é preciso notar como há uma curiosa questão do racismo apregoado na sociedade americana - e que a cultura de criminalidade e 'combate' ao crime difunde.
Quantos negros e hispânicos não são assassinados (ou desaparecem) ao longo da série sem qualquer investigação ou acareamento? Durante o progresso das temporadas, os números só crescem, mas é o DEA iniciar sua investigação sobre o rapaz loiro de olhos azuis e... Advogados, ordens de restrição judicial e o atravancamento de todo o processo.
Coincidência?
A última temporada deixa claro que não.
Com o sequestro do bebê Holly (a criança mais adorável da televisão em 2013), que mobiliza polícia, corpo de bombeiros e até o maldito Superman... No entanto, uma moça de cabelo encaracolado é assassinada na varanda de sua casa, diante do filho - e não é mostrado qualquer sinal de investigação.
Claro, há mais.
O combate às drogas (e o que isso significa, considerando o papel do consumidor, do produtor E do governo que estabelece a condição regulatória), o papel e função da mulher na sociedade moderna, os imigrantes (legais ou não)...
O brilhante Vince Gillian (que fez alguns dos episódios mais memoráveis de Arquivo X - e criou esse seriado) distila crítica social e aproveita para fazer uma enorme análise sobre a realidade americana, e a vida no século XXI.
Tomara que sejamos capazes de entender, ao menos os tópicos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário