The Fifth of november.
Gunpowder, treason and plot.
I see no reason why
Gunpowder, treason
Should ever be forgot
Em 05/11/1605 Guy Fawkes foi preso e sentenciado por traição, por planejar explodir (com vários barris de pólvora) a mansão do parlamento inglês durante uma visita do rei. Por séculos, o quinto dia de novembro foi uma manobra da coroa para lembrar do que acontece com os traidores: Malhação de judas (no caso Fawkes) e máscaras do traidor distribuídas às crianças como forma de sátira ao homem.
Existe muito mais para essa história. Fawkes era um fanático religioso que questionava a leniência e crescimento de religiões não católicas (principalmente o protestantismo) na bretanha... O que não o coloca como uma figura anarquista (e yuppie e hipster como de agora). A culpa disso é de Alan Moore...
E David Lloyd
V de Vingança, lançada a partir de 1988, traz um mundo distópico (tema comum da literatura britânica, com gente como Orwell, Burgess e Huxley, além do americano Bradbury de Fahrenheit 451), em que o governo totalitarista controla a vida de toda a população 'neste vil cabaré'.
Codinome V ou simplesmente V (que também representa o 5 romano), é a luta do espírito humano contra o governo opositor... E um Winston Smith (de 1984) que consegue escapar e suportar toda a tortura em nome de um ideal.
A, tão britânica imagem de Fawkes cabe como uma luva em vários aspectos de uma análise abrangente.
Além de ser o único plano - concreto e efetivo - contra o parlamento britânico (pano de fundo da ação de V de Vingança), enquanto a personagem sem rosto de Moore e Lloyd não tem exatamente os mais nobres dos intentos também (como o próprio Fawkes).
* Vingança pelo que lhe foi causado sob tortura (TODOS os alvos de V, antes de sua empreitada final) é o intento primário do personagem.
* Seu métodos são no mínimo questionáveis (o choque e tortura de sua 'protegida' para iniciá-la em sua causa).
* A destruição de um prédio público não tem exatamente um propósito anarquista (apesar da frase de efeito "O povo não deve ter medo de seu governo, e sim o governo medo de seu povo"). V, que vive em condições muito melhores que de todos os demais britânicos, tem em sua agenda a busca de um grand finale, de uma saída triunfal.
Mas, como Maquiavelli já definira tantos e tantos anos atrás, os fins justificam os meios.
As intenções e propósitos não necessariamente precisam coincidir com os resultados obtidos... É possível ser um herói mesmo com intenções deturpadas(?).
Como Proust em seu longo exercício sobre o passar do tempo e décadas, e como isso afeta a memória e a forma como encaramos as coisas (sim, com orgulho anunciou que terminei o primeiro livro de "Em busca do tempo perdido", "No caminho de Swann" viva eu!). Ou como Dickens faz algo semelhante (mas mais otimista) na jornada de Pip em "Grandes Esperanças".
Ao contrário de outros autores sem vergonha ou talento (Paulo Coelho?) Alan Moore sabe muito bem brincar com palavras, nomes e fatos. Cincos, vs e símbolos se repetem em uma constante mostra de que nada é gratuito e jogado ali.
Codinome V não é um herói. Não é um anarquista. Não é um revolucionário.
Codinome V é uma memória. É como você vai se lembrar dele.
Como a Inglaterra escolheu se lembrar de Guy Fawkes.
Se lembre, se lembre...
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